A abolição das portagens foi «um parto demorado, difícil», mas a Plataforma P’la Reposição das SCUT na A23 e A25 diz ter sido «mais teimosa» que os sucessivos Governos e vai comemorar «esta grande vitória» no próximo dia 1 de janeiro.
O movimento cívico que junta empresários, sindicatos e comissões de utentes realizou esta terça-feira duas conferências de imprensa na Guarda e na Covilhã para assinalar simbolicamente o fim das portagens nas autoestradas da Beira Interior (A23, A24 e A25) no início do próximo ano e a reposição do regime SCUT (sem custos para o utilizador) nestas vias. A pouco menos de quinze dias da entrada em vigor do fim da cobrança, a Plataforma instalou duas faixas naquelas duas cidades para agradecer aos apoiantes desta causa. Na Guarda, o sindicalista Zulmiro Almeida afirmou que «há 12, 13 anos que insistimos, persistimos, nesta luta. Nunca nos convencemos que fosse um parto tão demorado, foi um parto difícil, mas que se alcançou depois de vários e sucessivos Governos teimosos. Nós conseguimos ser mais teimosos e no dia 1 vamos comemorar esta grande vitória».
O representante da Plataforma P’la Reposição das SCUT na A23 (Guarda-Torres Novas) e A25 (Albergaria-Vilar Formoso) acrescentou que o movimento está «naturalmente satisfeito» com este desfecho e agradeceu «às populações que nos acompanharam», prometendo continuar agora a lutar pela melhoria da mobilidade inter-regional na Beira Interior. «Há mesmo muitíssimo para fazer e apelo às Comunidades Intermunicipais das Beiras e Serra da Estrela e da Beira Baixa que sigam o exemplo de outras CIM, como no Oeste, onde os transportes vão passar a ser gratuitos através de um passe inter-regional», exemplificou Zulmiro Almeida. Na sua opinião, a região «está abandonada em termos de transportes e de acessibilidades, porque temos más estradas».
Também presente na ação, Orlando Faísca, presidente da Associação Empresarial da Região da Guarda (NERGA), afirmou que a «reposição original das SCUT vai traduzir-se na diminuição dos custos de contexto com, seja para as empresas, para os residentes e para quem nos visita». A medida vai «também aumentar a competitividade da nossa região, até porque este será um dos fatores para atrair mais empresas. A região da Guarda é uma ótima região para investir, para residir e também para regressar», realçou o dirigente e empresário. Para Orlando Faísca, «as portagens eram mais um entrave num interior que, por si próprio, já tem algumas dificuldades». Falta agora que «o Estado central promova políticas de desenvolvimento destes territórios e isso passa também pela criação de vantagens competitivas e não desvantagens, como eram as portagens», considerou o presidente do NERGA.
O Parlamento aprovou, em maio, o projeto-lei do Partido Socialista para o fim das portagens nas ex-SCUT a partir de 1 janeiro do próximo ano. A proposta abrange as autoestradas do interior ou as vias onde não existam alternativas que permitam um uso com qualidade e segurança.
O projeto de lei passou com os votos a favor do PS, BE, PCP, Livre, Chega e PAN e a abstenção da Iniciativa Liberal (IL). PSD e CDS votaram contra.
Plataforma P’la Reposição das SCUT preparada para festejar fim das portagens na A25 e A23
Movimento cívico que junta empresários, sindicatos e comissões de utentes colocou faixas na Guarda e Covilhã para agradecer apoio numa luta com mais de dez anos