Um Colégio Militar na Guarda? Porque não?

“Esses estabelecimentos deram-nos cinco Presidentes da República, muitos generais, diversos ministros, alguns deputados, engenheiros, médicos, reputados advogados e economistas, o que, se por si só, não revela a excelência do seu projeto educativo, pelo menos a indicia.”

O interior despovoou-se. O distrito da Guarda tem perdido população quase diariamente. Se pretendemos combater esta realidade, há necessidade de atuar de forma sistémica e não de forma pontual. Tudo está interligado e deverá merecer a preocupação do poder político.
Porque o acesso a um ensino de qualidade é também um fator de fixação da população, hoje, ao falar de escolas, falo também de valores, qualidades e competências. Valores como o patriotismo, qualidades como o espírito de serviço e competências como a liderança. Tudo isso se encontra nos dois estabelecimentos militares de ensino, o Colégio Militar e o Instituto dos Pupilos do Exército, escolas que se situam na capital, naquele conceito centralista tradicional de “Lisboa ser tudo e o resto ser paisagem”, reduzindo a liberdade de escolha dos pais de outras regiões do país.
Esses estabelecimentos deram-nos cinco Presidentes da República, muitos generais, diversos ministros, alguns deputados, engenheiros, médicos, reputados advogados e economistas, o que, se por si só, não revela a excelência do seu projeto educativo, pelo menos a indicia.
Estas escolas são duplamente mistas, direi mesmo, triplamente mistas. São mistas no que se refere aos seus alunos, rapazes e raparigas. São mistas quanto ao regime de frequência, internato e externato e são mistas quanto aos seus quadros, militares e civis. Têm como missão assegurar uma sólida formação de matriz militar, intelectual, técnica, física, moral e cívica, inspirada nas qualidades e virtudes da vida militar, e na prossecução dos princípios fundamentais definidos no Sistema Educativo Português, bem como relevar o papel da defesa nacional e das Forças Armadas na sociedade.
Numa época em que a guerra atingiu a Europa, com a invasão da Ucrânia pela Federação Russa, com a ameaça de se alastrar a outras regiões, e se atravessa uma crise na vocação militar, com repercussão na dificuldade de recrutamento de efetivos para as Forças Armadas, a existência de uma rede de estabelecimentos militares de ensino parece também útil para o despertar da vocação militar de forma mais precoce.
Sei que valores como o Patriotismo, ou qualidades como a disciplina, podem parecer antiquados e desagradar a alguns atores políticos. No entanto, estou em crer que aqueles que acreditam na ligação do indivíduo à Nação, no amor à Pátria e à sua História, e partilham da visão de uma juventude com sólidos valores morais e éticos, não poderão deixar de reconhecer o papel inequívoco que estas escolas desempenham e não poderão deixar de desejar que todos os pais do nosso país possam optar por algo de semelhante para os seus filhos, na sua região.
O Partido Chega apresentou um projeto de resolução onde recomenda ao Governo que aprove um plano que crie uma rede de estabelecimentos militares de ensino em todo o território nacional.
Acredito que, se os pais que vivem no distrito da Guarda tiverem também a oportunidade de escolher para os seus filhos escolas com esta matriz, não procurarão outros locais para residir e não abandonarão o nosso território.

* Deputado do Chega na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

Sobre o autor

Nuno Simões de Melo

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