Quando as políticas se fazem em completa antipatia com as pessoas, sem inclusão destas, podemos caminhar para um processo de beco sem saída. Sempre defendi as alternâncias por vez dos consensos e este Governo é uma linha condutora única e nova no panorama português. Há uma condução contra as corporações que tem como força motriz a ausência de unidade destas e por essa razão as divisões existentes nos estatutos de carreira e nas exigências profissionais permite a ausência da solidariedade que outrora conhecíamos a médicos, juízes e professores. Foram os sindicatos e as Ordens que foram criando diferenças entre os funcionários que desenvolviam a mesma tarefa, entregando os mais novos, admitindo queda de regalias a gente mais jovem. Hoje, estes jovens não se levantam por grupos, olham cobiçosos os lugares de chefia e a guerra vigente enche-os de esperança. Em nada disto há virtude. Também o Governo vai vivendo destas políticas que roçam as divergências e não levam à unidade dos blocos corporativos. Nos próximos meses a situação vai piorar. Ultrapassados os limites, a fronteira cruzada passa a dar unidade corporativa e essa força transporta o poder irracional das turbas. O que vem agora é o encerramento de Urgências gerais, a superlotação das que vão permanecer abertas, a exaustão dos quadros que as têm de ir fazendo e inevitavelmente a zanga do povo que passa a defender os profissionais até agora criticados. E juntem as leis que não apoiam a primazia da justiça (paga tudo quem perde a causa), ou as que diminuem o acesso à saúde, ou as que encarecem o custo de vida de todos como as taxas de saúde, o aumento da luz e dos combustíveis. Há uma força violenta que começa a germinar e normalmente termina na rua. O 31 de Janeiro foi uma revolta, como a Maria da Fonte e tantas outras. O erro é não prevenir o mal-estar e não perceber que há outras medidas que suavizam o dano e não estão a acontecer.
Por: Diogo Cabrita