A Guarda, encarada numa lógica moderna, globalizada e com pretensão a cidade de plena dimensão europeia, tem de claramente extravasar as fronteiras das limitações administrativas territoriais e impor-se com firmeza, no panorama regional.
Para isso, terá de reivindicar e capitalizar alguns ícones, que não estando na sua totalidade neste concelho, constituirão sem dúvida, uma parte integrante dum projecto mais amplo de assunção da sua capitalidade.
Neste prisma, referencias tão importantes como a Serra da Estrela, Queijo da Serra, Aldeias Históricas, Património Judaico e até o próprio Douro (sim, porque a Guarda vai do Douro ao Zêzere) entre outros, terão de englobar o pacote promocional da Guarda, tornando-se também, marcas desta.
Ao contrário do que ultimamente nos têm feito crer, a Covilhã não é, ou pelo menos não deverá ser, a referência urbana da Serra da Estrela, não obstante estar prevista para lá uma unidade hoteleira de 5 estrelas e por cá a recuperação do Hotel Turismo ser uma miragem. Cerca de 85% do território do Parque Natural da Serra da Estrela pertence ao distrito da Guarda e, curiosamente, este confina, ou até já integrará, o tecido urbano da própria cidade da Guarda e o mesmo se passa com o afamado queijo. Porventura haverá outros concelhos que o reivindiquem, mas convenhamos que o mesmo também aqui se produz com qualidade reconhecida. E esta linha de pensamento, pode ser estendida aos demais itens endógenos.
Paralelamente, retomo aqui uma ideia que já tem uns anos e relativamente à qual se deveria ponderar seriamente. Falo concretamente da construção de um casino na Guarda e consequentemente na zona de jogo exclusiva da Serra da Estrela e, porque não, pensar o já referido Hotel Turismo como polo pioneiro dessa iniciativa!
Em Portugal, exceptuando o casino que já está a operar na zona de Chaves, não existe nenhum no interior do país. A construção de uma estrutura dessas na Guarda, ocuparia o ponto intermédio entre a Figueira da Foz e Salamanca, e criaria sinergias com o turismo da Serra da Estrela, para além de ser uma fonte de receitas para o território.
Em tempos, algo semelhante foi pensado para a Covilhã, mas infelizmente foi vetado pelo Presidente da República à data. Assim sendo, a Guarda tem aqui oportunidade de reequacionar o problema e ser ela própria a pedir e argumentar fundamentadamente a construção de tal estrutura no concelho.
Penso que este equipamento a par do aeroporto mencionado num artigo anterior, seriam indubitavelmente catalisadores do processo de desenvolvimento regional e promotores da criação de emprego, com a consequente fixação de população no interior do país.
Só uma Guarda forte, determinada, mas acima de tudo, convicta do seu papel de líder da região, conseguirá ultrapassar as correntes que a prendem à sua pequenez e projectar-se como polo dinamizador dela própria e dos territórios adjacentes.
* O autor escreve ao abrigo dos antigos critérios ortográficos.