A comunicação social livre e independente foi uma das maiores conquistas do 25 de Abril. Nestes 50 anos de construção da democracia, de um Estado de Direito e de um Estado Social em Portugal, nunca houve um único dia em que a liberdade de expressão tenha sido impedida ou limitada no país. Este é um dos mais importantes indicadores de sucesso do processo democrático português.
Para além da possibilidade que confere aos cidadãos de dizerem o que pensam – sejam eles atores políticos, agentes económicos, produtores culturais ou académicos – a imprensa tem tido também um papel decisivo na definição da agenda das políticas públicas. Se hoje em Portugal a educação e o ensino superior, o acesso à saúde, o combate às desigualdades territoriais e defesa do Interior do país são prioridades sociais e políticas, muito se deve ao trabalho de jornalistas e de órgãos de comunicação nacionais e regionais.
O jornal O INTERIOR é um exemplo disso. Tem defendido de forma persistente as suas causas, desde logo a da defesa das cidades e territórios do interior, à qual foi buscar o nome. Tem feito com coragem a vigilância e a crítica aos detentores de cargos públicos, nacionais e locais. E, com independência, tem dado voz a quem se opõe e critica o atual estado de coisas, seja nos municípios, seja a nível nacional.
Este é um trabalho muito importante, uma vez que a maior ameaça que hoje impende sobre sociedades livres e democráticas são os populismos autoritários, usando a desinformação e as “fake news”. As redes sociais têm funcionado muitas vezes como veículo transmissor de mentiras e de meias-verdades sobre o funcionamento do sistema, tanto a nível local como nacional, mobilizando emoções negativas, o medo e a agressividade.
A comunicação social independente e responsável é fundamental para defender as comunidades de notícias falsas e de realidades alternativas. Essa não é apenas uma responsabilidade dos órgãos de comunicação: é de toda a sociedade e, em particular, do ensino superior, não só por ser o maior produtor de conhecimento contemporâneo, porque é ele que forma os jornalistas do futuro e qualifica os que já exercem a profissão.
O Politécnico da Guarda tem em funcionamento há muitos anos as suas licenciaturas em Comunicação e Relações Públicas, em Comunicação Multimédia e o seu mestrado em Marketing e Comunicação. Eles são o contributo direto do IPG para uma sociedade melhor informada e, nessa medida, para uma democracia mais saudável em Portugal. Uma democracia que honre “o dia inicial, inteiro e limpo” do 25 de Abril.
* Presidente do Politécnico da Guarda