Ludwing Boltzmann

Boltzmann (1844-1906) foi um físico austríaco que ocupa hoje um lugar privilegiado no panteão da Física. Infelizmente, durante a sua vida não teve o reconhecimento que merecia porque os seus temas de estudo estavam na fronteira do conhecimento da época e foram muito controversos. Considera-se que Boltzmann é um dos físicos que permitiu a mudança de paradigma para a física atual. Os seus trabalhos fundamentaram-se em considerar que a matéria tinha uma estrutura atómica, uma postura que era muito contestada na sua época, e introduziu noções de probabilidade e estatística nos seus estudos. Os seus trabalhos foram essenciais para entender a física dos séculos XX e XXI.
De personalidade afável e sensível, era considerado um grande professor pelos seus alunos e gerava grande afeto. Ludwing Boltzmann iniciou os estudos no Instituto de Física da Universidade de Viena e teve como professores Josef Stefan e Josef Loschmidt, que, para além de terem cultivado uma grande amizade, trabalharam e colaboraram com ele em múltiplas ocasiões e de forma muito frutífera. Doutorou-se em Física em 1866, sob a direção de Stefan.
Em 1869 foi nomeado professor associado da Universidade de Graz, lugar que ocupou durante quatro anos. Aí desenvolveu os seus trabalhos sobre a cinética dos gases de Maxwell, ampliando e explicando o trabalho deste. A sua vida académica foi agitada, tendo ocupado cargos de professor nas Universidades de Heidelberg e Berlim. Posteriormente, em 1873, aceitou ser professor de Matemática na Universidade de Viena, um compromisso que manteve até se mudar de novo para Graz, para assumir a cátedra de Física Teórica e a direção do Instituto de Física desta universidade.
Após a morte de Josef Stefan, Boltzmann ocupou a cátedra de Matemática da Universidade de Viena, mas foi confrontado com um ambiente muito tenso devido à presença de Ernst Mach, um afamado físico e filósofo da ciência que era um claro opositor às suas teorias sobre a composição atómica da matéria. Finalmente, devido a um processo depressivo seguramente motivado pela morte do seu primeiro filho, e perante a feroz resistência da comunidade científica em admitir as suas ideias, abandonou o cargo, tendo-se mudado para a Universidade de Leipzig onde assmuiu a cátedra de Física Teórica. Aqui levou a cabo a sua primeira tentativa de suicídio.
Em 1901, aproveitando o facto de Mach ter abandonado a sua cátedra na Universidade de Viena, Boltzmann regressou para ocupar o anterior lugar. Lamentavelmente, os episódios depressivos eram já muito frequentes e, em 1904, pôs fim à vida durante as férias com a família em Itália. Boltzmann não chegou a ver como, a partir dessa data, as provas teóricas e experimentais acumuladas sobre a estrutura da matéria lhe dariam razão.