Fez 100 anos em novembro e continua a produzir eletricidade na Serra da Estrela. Trata-se da Central Hidroelétrica de Ponte de Jugais (Seia), situada na confluência entre o Rio Alva e a Ribeira da Caniça, na freguesia de Lapa dos Dinheiros.
Gerida pela EDP, a central começou a funcionar em novembro de 1923 após quatro anos de construção. «Foi um dos primeiros aproveitamentos hidroelétricos do país, passou por várias remodelações e resistiu a um incêndio», recorda a empresa em comunicado enviado a O INTERIOR. Cem anos depois continua ativa e a produzir energia «dentro do engenhoso sistema de cascata da Serra da Estrela». A Ponte de Jugais é uma das cinco centrais hídricas que compõem essa cascata, «num projeto de engenharia único que tem garantido uma utilização sustentável dos recursos hídricos na região», realça a EDP. Atualmente, a infraestrutura continua a produzir e a injetar energia na rede elétrica e é responsável, «em média, por 24 por cento da produção anual da cascata da Serra da Estrela, conseguindo abastecer cerca de 50 mil habitantes, o dobro da população de Seia, a cidade mais próxima», refere a empresa elétrica.
A central é constituída pelos açudes de Ponte Jugais e Caniça «cujos caudais afluentes convergem, através de canais de adução, para a câmara de carga e, posteriormente, através de condutas forçadas, para a central», precisa a EDP. Os caudais turbinados no aproveitamento são depois restituídos diretamente ao Rio Alva, fluindo em direção ao açude de Vila Cova. A elétrica portuguesa sublinha que o «engenhoso» sistema de cascata de centrais hídricas da Serra da Estrela foi desenvolvido ao longo de seis décadas. «O objetivo do projeto era aproveitar os sinuosos cursos de água da serra que percorrem altitudes entre 400 e 1600 metros e que passaram a ter os seus caudais regulados no verão com este complexo projeto hidroelétrico», lê-se ainda.
Além da Ponte de Jugais fazem parte da cascata as centrais de Lagoa Comprida, Sabugueiro I, Sabugueiro II, Desterro e Vila Cova. O sistema arrancou em 1907 com a construção da central da Senhora do Desterro. Seguiu-se a Ponte Jugais, depois Vila Cova em 1937 e, mais tarde, a do Sabugueiro, «empreendimentos que representaram um importante papel no desenvolvimento da eletrificação regional», refere a EDP. Além disso, a sua construção envolveu «múltiplos desafios», nomeadamente pela altitude e «clima agreste das montanhas, o transporte de materiais e equipamentos de grande porte por vias de difícil acesso e a própria engenharia que envolveu todo o sistema de barragens e açudes».