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Uma Guarda pagadora

Bilhete Postal

A Câmara da Guarda vive momentos difíceis. Por mais que se seja Valente, o facto é que há um buraco no Teatro Municipal para pagar, há uma indemnização com forma de Biblioteca para pagar e há umas famílias expropriadas por estradas para ressarcir. A Câmara está no seu rumo à dívida bancária que, entretanto, o Estado promete tornar impossível. Estamos num beco sem saída onde a nova Lei sobre Municípios dará a estocada final. Valente é o homem que vê chegar a A25 e fica sem capacidade financeira para brilhar. Há esta coisa estranha de alterar o Plano Director Municipal para fazer um empreendimento de lucros particulares, onde as contrapartidas para a cidade precisavam ficar mais claras. Será que o Presidente não percebeu que, numa cidade fria e chuvosa, este negócio podia ter o dobro da dimensão e estaria sempre cheio de Novembro a Maio? O problema está no comércio tradicional que Valente não vai proteger e, portanto, em breve, a envolver a Catedral estarão vitrinas limpas a aguardar comprador. Sob o frio da Guarda, o povo quer lugares onde pare perto, lojas onde chegue sem vestir o casaco e abrir guarda-chuva e esse é o “shopping” que aí vem. Será que perceberam bem a dimensão do negócio e as vantagens para o financiador? Percebeu o Presidente, que entregou um espaço nobre sem favor a quem vai lucrar enormidades com prejuízo de quem o elegeu? Havia a Guarda-Gare, aquele bairro em torno de uma estação nova onde em breve não haverá comboios, para construir esta instalação desmedida. E podia haver um tecto nas ruas do centro da cidade e um estacionamento nos prédios por ali abandonados que resolvessem tudo isto e permitissem a concorrência. O que vai haver é uma Urgência despromovida, um Teatro para repensar, uma biblioteca sem ninguém e das mais caras do mundo, uma circular externa sem movimento que não tirou carros do carreiro central, um centro deserto, um clube de futebol em missa do segundo ano e um “shopping” vivo e feliz para onde vem gente de Viseu e da Covilhã gastar nas lojas de muitos que não serão da Guarda. Ah Valente!

Por: Diogo Cabrita

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