O presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) não quis falar em números, na sequência da polémica proposta apresentada pelos deputados do PS na última Assembleia Municipal, em que pediram à autarquia um apoio de meio milhão de euros para o IPG no próximo ano.
Na Grande Entrevista da Rádio Altitude, Joaquim Brigas não confirmou estes valores, mas sublinhou que o Politécnico vai apresentar «uma proposta, como já tinha feito com o anterior autarca, para apoiar devidamente o IPG», um apoio que passa, entre outras coisas, por «questões relativas ao alojamento e não só, com apostas sérias». O responsável reafirmou que «deveria existir um apoio diferente por parte de alguns municípios, principalmente por parte da Câmara da Guarda», tendo em conta que «nesta aposta que estamos a fazer com a descentralização da formação, são os municípios que assumem todas as despesas. É assim em todo o lado e também deveria ser aqui. As autarquias assumem as despesas e na maioria dos casos ainda oferecem os equipamentos, por vezes de valores muito significativos, com o objetivo de terem nos respetivos concelhos ensino superior», afirmou.
Joaquim Brigas realçou que esses municípios «veem no ensino superior uma possibilidade de requalificar recursos e atrair mais gente, mas há outros que não têm essas prioridades ou não têm essa visão». No caso da Guarda, o presidente do Politécnico adiantou que vai agendar uma reunião com o presidente da Câmara para apresentar «um caderno que já tenho preparado com medidas urgentes para investimento no Politécnico». Mas ressalvou que não é a favor «do subsidiozinho e de se propagandear que já demos isto e aquilo», porque o IPG «não é propriamente uma associação de bairro para receber um subsídio de que valor for para depois dizerem que já deram não sei quanto».
Na entrevista ao Altitude, conduzida por Luís Baptista-Martins, o professor reconduzido para um segundo mandato no Instituto guardense salientou ainda que «há alguns municípios que fizeram um investimento fortíssimo para terem uma escola de um Politécnico e na Guarda estão três. Gostava que o IPG fosse visto de outra forma». E ressalvou que a situação «não é de agora, já vem de executivos municipais anteriores. Vamos ver se alguma coisa muda».
Joaquim Brigas aproveitou para recordar que o presidente da Câmara da Guarda «foi aluno do IPG, veio para a Guarda porque veio para o Politécnico e por cá ficou, e muito bem. Gostava que muitos dos jovens que vêm para a Guarda também ficassem por cá, mas para isso acontecer temos de juntar sinergias para que possam ficar por cá». Sobre a possibilidade de existir a curto prazo uma nova possibilidade de apresentação de candidatura para a construção de uma residência de estudantes, o presidente do IPG confirmou que vai ser feita «uma nova candidatura e se não for aprovada partiremos para um plano B, para outra alternativa», tendo aproveitado para dizer que considera «muito estranho como alguns concelhos não viram residências de estudantes aprovadas». Foi o caso da Guarda e Castelo Branco, «que ficaram de fora e não vejo qualquer razão para esse desfecho», sublinhou. Uma situação «ainda mais incompreensível» quando outros concelhos que «nem sequer têm ensino superior viram candidaturas a residências universitárias aprovadas». Além disso, «houve outros municípios que até estão muito bem servidos de alojamento estudantil e tiveram aprovadas novas residências. Não compreendo estas decisões», disse o responsável, que recusa falar em «questão política». «Sinceramente não sei», acrescentou.
Relativamente ao alojamento, Joaquim Brigas antevê que no início deste ano letivo não existam problemas como os do ano passado, principalmente nos «preços exorbitantes» praticados pelos proprietários. Para quem tem possibilidades de alugar quartos no exterior «as dificuldades eram maiores, tinham problemas em encontrar alojamento e quando encontravam era a preços especulativos», lembrou. Por isso, desta vez o IPG decidiu adotar «um modelo diferente e organizado». Segundo Joaquim Brigas, «o resultado está a ser melhor e à semelhança do que temos vindo a fazer, estamos perto de concretizar novos acordos com proprietários a fim de cederem os espaços para serem utilizados como residências de estudantes do Politécnico», revelou. O IPG tem nesta altura cerca de 3 mil estudantes matriculados.
Carlos Gomes