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Redução do Parque Natural divide posições

Autarcas de Gouveia e de Seia satisfeitos, enquanto que associações ambientalistas contestam a medida

O presidente da Câmara de Gouveia, Álvaro Amaro, já se mostrou favorável com a redução em 11 por cento da área do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), considerando que a actual área «é demasiado grande e que, por isso, contempla espaços sem qualquer riqueza ambiental», disse à Lusa.

O processo de alteração dos limites do PNSE – que esteve em consulta pública entre 12 de Maio e 26 de Junho – prevê a exclusão de áreas de transição situadas nas zonas baixas dos concelhos de Seia e Gouveia e a integração de duas zonas das freguesias de Famalicão (Guarda) e Sarzedo (Covilhã). «Devemos preservar os espaços que são ricos e em que está claramente demonstrada a sua riqueza ambiental e paisagística», disse o autarca. Outro presidente da zona abrangida pelo parque natural, o socialista Eduardo Brito, de Seia, e descontente com o chumbo pelo ICN de quatro projectos de investimento para unidades hoteleiras na região, também já tomou, em declarações anteriores à Lusa, uma posição favorável à redução do PNSE.

O ICN, que tutela o parque natural, quer reduzir em 12 mil hectares o PNSE, actualmente constituído por 101.060 hectares que abrangem os concelhos da Guarda, Celorico da Beira, Covilhã, Seia, Gouveia e Manteigas.

Como já explicou Fernando Matos, o objectivo da proposta do ICN é fazer coincidir os limites do Parque Natural com os do Sítio Serra da Estrela, integrado na Rede Natura 2000, de forma a tornar mais eficaz a gestão do território abrangido. Para além disso, há ainda zonas cuja inclusão na área protegida já não se justifica, dada a sua «degradação e ausência de valores naturais assinaláveis», apontou aquele responsável.

Em posição contrária estão a Quercus e a Associação de Amigos da Serra da Estrela, visto que ambas já consideraram haver interesses imobiliários nesta medida. «Tememos que por trás dessa intenção existam razões ligadas a interesses imobiliários e ao desenvolvimento de projectos turísticos», disse o presidente da Quercus, Hélder Spínola, no dia do 30º aniversário do parque. Para o presidente da associação ambientalista, a redução de uma área protegida «não é bom sinal», até porque o PNSE não pode apenas integrar zonas onde se encontram os habitats mais ameaçados, mas também outras que «sirvam de tampão aos impactos negativos de certas actividades desenvolvidas fora dos seus limites». «A partir do momento em que essas áreas saiam do parque, a pressão imobiliária vai ser maior», disse por sua vez à Lusa o vice-presidente da Associação Amigos da Serra da Estrela, sedeada em Manteigas, José Maria Saraiva. No entender deste responsável, os parques naturais «não devem diminuir, mas aumentar a sua área», disse, defendendo mesmo a criação de «estatutos diferenciados para as várias zonas».

O Instituto de Conservação da Natureza (ICN) já admitiu alterar os limites de outras áreas protegidas, à semelhança do proposto para a Serra da Estrela, para que coincidam com a Rede Natura.

Os deputados de “Os Verdes”, com assento na Assembleia da República, também já se manifestaram contra a diminuição das áreas protegidas tendo, inclusive, entregue um requerimento a pedir esclarecimentos sobre a alteração dos limites.

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