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O dígito trocado

Governo Civil da Guarda apoiou financeiramente folheto de prevenção de incêndios que traz telefone do CDOS incorrecto

Se, por acaso, tiver em sua posse um folheto intitulado “O distrito da Guarda na defesa da floresta contra incêndios” e quiser contactar o CDOS – Centro Distrital de Operações de Socorro a partir do número que surge na brochura desengane-se. O contacto que lá surge, pura e simplesmente, não está atribuído. Para além deste erro, o panfleto, que inclui vários conselhos de prevenção a fogos florestais, apresenta ainda algumas “gralhas” a nível da escrita. O major António Almeida, da GNR da Guarda, explica estas incorrecções com alterações, possivelmente, ocorridas na gráfica aquando da impressão dos cerca de três mil exemplares.

De facto, o número do CDOS, que é “só” um dos mais importantes e urgentes a contactar em caso de incêndio está errado. O número que surge na brochura é o 271277710 e nem está atribuído. O que deveria surgir deveria ser o 271227710. Trata-se da simples troca de um número, mas que faz toda a diferença. As incorrecções de escrita são várias. Logo na primeira folha, Republicana surge com um “i” a mais. Já na parte dedicada às medidas a adoptar caso se fique preso por um incêndio, existem vários erros de concordância entre os artigos no singular correspondentes a palavras no plural. Outro caso de omissão de letras, mas este mais grave, verifica-se na frase “assegure-se que a sua casa não está em risco de rir”. Ora num assunto, tão delicado como é o dos incêndios, rir será, de certo, o que as pessoas menos vontade terão de fazer. Foram feitos cerca de três mil exemplares deste folheto, suportado financeiramente pelo Governo Civil da Guarda, cuja organização do texto esteve a cargo da GNR da Guarda. O major António Almeida, oficial da GNR da Guarda que faz a ligação ao CDOS, explica que foram «relativamente poucos» os folhetos que já foram distribuídos através de alguns corpos de bombeiros do distrito e das patrulhas do Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (SPNA) da GNR, assegurando que as restantes brochuras «foram retiradas assim que se deu pelos erros». No entanto, ainda na tarde da última terça-feira e após o contacto de “O Interior” com o major António Almeida, os panfletos estavam disponíveis a quem se deslocasse às instalações do CDOS, localizadas na Avenida Cidade de Salamanca. De resto, os folhetos já não terão chegado a ser distribuídos na fronteira de Vilar Formoso, como estava previsto inicialmente por ser uma zona de grande tráfego nesta altura do ano, indicou aquele oficial. Quanto à possibilidade dos folhetos serem imprimidos novamente «está fora de questão», frisa.

O major António Almeida explica que foi ele próprio que levou a “pen” à gráfica com o material a imprimir. «Não sei o que se passou. O original estava em condições e sem erros. Na transposição da “pen” para o computador da gráfica é que poderá ter havido algum erro porque, por vezes, as fontes não são as mesmas, o que pode ter provocado estas alterações», justifica. Quem trabalha com informática sabe que isto pode acontecer», reforça. Por outro lado, o oficial salienta que o Governo Civil «não tem qualquer responsabilidade nesta matéria». De resto, o major não atribui grande importância a estas imprecisões, frisando que «o mais importante é a mensagem», salientando que a GNR da Guarda é das que mais dinâmica teve a nível nacional na prevenção de incêndios.

O que é certo é que também as fotografias que constam na brochura mereciam outros critérios de escolha, pois é visível que a sua maioria, senão, a sua totalidade, é proveniente de países estrangeiros. Para se encontrar a fotografia dos bombeiros que surge na segunda página, por exemplo, basta uma simples pesquisa no “Google” para comprovar que esta mesma imagem retrata os Bombeiros de Santiago de Compostela, em Espanha.

Ricardo Cordeiro

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