Ela tem sido tanta, a inépcia do nosso atual executivo municipal, que o difícil seria escolher a mais absurda de todas. Desde o acontecimento do abandono do concurso para o apoio à Cultura, passando pelo não aproveitamento dos fundos do PRR na habitação e o caso do IMI, até à nomeação de uma funcionária condenada por assédio moral para integrar o júri de seleção dos candidatos a um posto de trabalho na Câmara da Guarda, a que a própria companheira do senhor presidente era candidata, tudo nos dificulta a escolha daquela que, até agora, seria a maior tolice. Até agora, porque quando já estávamos quase convencidos de que este executivo apenas tinha jeito para festarolas e anúncios de coisas tão transcendentais como instituirmo-nos enquanto capital de tudo e mais alguma coisa, eis que somos surpreendidos com uma ainda pior: a criação de uma empresa municipal.
Alegadamente, para nos tratar daquilo que até agora parecia não lhe ter suscitado qualquer interesse, o executivo mais adepto de festas e arrais de que há memória, e como nós nos lembramos bem do pai deste estilo de governação na nossa cidade, decidiu fazer qualquer coisinha pela cidade. Para já, além da gestão corrente das ditas festas, vai dedicar-se à criação de uma empresa municipal. Confessando alguma dificuldade em distinguir o potencial manipulativo, do sentido de voto da mão-de-obra disponível, a aptidão para utilizar recursos públicos em interesses particulares, deste tipo de empresas e o das associações, fundações e outras aliterações que tais, só uma conclusão parece emergir de tal habilidade: este executivo saiu muito melhor do que a encomenda. Facto facilmente confirmável através do velho ditado que nos assegura “dar tanto trabalho fazer bem, como fazer mal” e, neste particular, poderá, muito bem, permitir-nos asseverar que, se há coisa que a este executivo parece não faltar, é capacidade, real, de trabalho. Se, essa capacidade de trabalho, é em prole da Guarda e dos guardenses, é que já será outro assunto. Um “outro assunto” que muito nos deverá preocupar, porque, por um lado, com a criação da tal empresa municipal, poderá estar em causa a sobreposição de estratégias de escape ao controlo da ação governativa, a que os municípios estão sujeitos, e, por outro lado, a sobreposição de estratégias de controlo, da tal mão-de-obra disponível, àquilo que até aqui era considerado como inépcia. O que, bem se vê, poderá não augurar nada de bom ou, sequer, tão inócuo como as boas das festarolas e os bons dos anúncios. Podendo mesmo ser um daqueles casos em que se preferiria que não houvesse trabalho nenhum, ou que não houvesse um trabalho que chocasse tanto, e quase apeteça apelar a este executivo que continue mas é nas festas e se deixe de trabalhos. Pelo menos as festas, se bem não trouxerem, mal não fazem. E, ao contrário das empresas camarárias, que tendem sempre a trazer-nos mais dores de cabeça do que outra coisa qualquer, sempre nos vão entretendo.
Afinal, parece que ele até é capaz de se mover…
“E, ao contrário das empresas camarárias, que tendem sempre a trazer-nos mais dores de cabeça do que outra coisa qualquer, sempre nos vão entretendo.”