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Projecto de mini-hídrica preocupa Cativelos

Habitantes falam em «catástrofe ambiental», mas Hidroeléctrica Serrana diz que a água não vai faltar

A população de Cativelos, no concelho de Gouveia, está preocupada com o projecto de uma mini-hídrica para aproveitamento hidroeléctrico na aldeia. Os habitantes temem ficar sem água para as suas actividades agrícolas e que os peixes da Ribeira de Rio Torto venham a desaparecer, falando mesmo na possibilidade de uma «catástrofe ambiental e agrícola». Contudo, a Hidroeléctrica Serrana, empresa promotora da pequena barragem, garante que a água não vai faltar, até porque ela não será utilizada nos meses de Verão.

Luís Figueiredo, morador de Cativelos, garante que a grande maioria dos cerca de 400 habitantes da aldeia estão contra a construção da mini-hídrica na ribeira que, «para além de servir para a agricultura, tem dado nome e prestígio à povoação», sublinha. O também presidente da Associação de Caçadores e Pescadores de Cativelos explica que, há cerca de um mês, numa deslocação à Câmara de Gouveia foi confrontado com um edital da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) a informar que estava aberto um inquérito público com vista à construção de uma pequena barragem para a produção de energia eléctrica na localidade. A falta de água é o principal receio dos habitantes: «A Hidroeléctrica Serrana não vai turbinar a água no leito da ribeira. Vai, antes, construir um canal e desviar a água para ser turbinada no Rio Mondego», assegura. Um «transvase» que, na sua opinião, provocará uma «catástrofe ambiental», pondo em risco a vida das espécies piscícolas. Trata-se de uma zona de águas salmonídias, apropriadas para a existência de trutas. «Têm que ter um bom caudal. Se as águas estiverem paradas, os peixes morrem», avisa.

Por outro lado, «como a barragem vai ser implantada a jusante de Cativelos, toda a população vai ficar sem água», alerta, receando que «todo o caudal» da ribeira venha a ser desviado. «Por causa do lucro de uma empresa, toda a população da aldeia vai sofrer», acusa, falando numa redução «muito drástica» do caudal, até porque «o buraco, com cerca de meio metro de diâmetro, que vão deixar não é suficiente para lá passar água que chegue para as actividades agrícolas», sustenta. Confrontado com estas críticas, Jorge Sequeira, gerente da Hidroeléctrica Serrana, garante que a ribeira «não vai secar, porque apenas se vai utilizar água nos meses de grande pluviosidade, quando houver água em excesso. No Verão não haverá qualquer utilização», assegura. E considera não haver «razões para preocupações» em Cativelos, até porque se trata de uma matéria «perfeitamente regulada» pelas entidades competentes, embora diga compreender o receio dos habitantes. De resto, Jorge Sequeira admite que o projecto possa sofrer algumas alterações: «Na medida em que puder ser melhorado, o projecto poderá ser sempre alterado», realça. Em relação a uma data previsível para o início da construção da mini-hídrica, o gerente da Hidroeléctrica Serrana, sediada em Oeiras, diz que «ainda é prematuro avançar» com uma data. Já Fonseca de Carvalho, representante do Ministério do Ambiente no distrito da Guarda, disse desconhecer o caso, mas considera que os populares «não têm nada que estar alarmados», até porque «na fase de inquérito público cada um pode dizer de sua justiça».

Ricardo Cordeiro

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