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Um bolo pela maternidade

Cerca de 300 crianças de alguns jardins-de-infância da Guarda celebraram os 99 anos do Hospital Sousa Martins

As crianças de manhã e os adultos à tarde cantaram, na passada quinta-feira, os parabéns ao Hospital Sousa Martins, por ocasião dos 99 anos do antigo sanatório. Na Alameda de Santo André, os guardenses aproveitaram a efeméride para voltar a reivindicar a manutenção da maternidade. Uma exigência que será oficializada esta tarde nos Governos Civis da Guarda e Castelo Branco com a entrega, pelas comissões de utentes dos três hospitais da Beira Interior, de uma petição em defesa dos blocos de partos locais.

O documento refere que o fecho de qualquer das três maternidades significaria um «retrocesso civilizacional, o desaparecimento a breve prazo de outros serviços e um atentado à segurança sanitária para as parturientes, que seriam obrigadas a grandes deslocações para terem os seus filhos». No caso da Beira Interior, os movimentos consideram que esta decisão seria «dramática», pois a região tem sido «duramente atingida pelo desinvestimento e a incapacidade de fixar população, sobretudo jovem». E foi aos mais novos que coube, simbolicamente, fazer passar a mensagem. Cerca de 300 crianças de alguns jardins-de-infância da Guarda responderam ao apelo lançado pelos movimentos de cidadãos que têm lutado pela continuidade da maternidade. A simbólica festa de aniversário coloriu a Alameda de Santo André, só que o centro das atenções da pequenada acabou por ser um bolo de 60 quilos, oferecido por um hipermercado local. Alguma ansiedade só terminou quando o actual director do hospital cortou as primeiras fatias. Fernando Girão admitiu que este tipo de iniciativas são «motivantes e uma ajuda importante» para a defesa da maternidade.

«O Hospital Sousa Martins continua a prestar os melhores serviços possíveis, mas revela a sua idade em termos de edifício», referiu, dizendo-se «convicto da manutenção» daquele serviço na Guarda. Contudo, o médico espera que a decisão ocorra o mais brevemente possível. «Esta indefinição cria uma ansiedade nos profissionais e nas grávidas que não é nada benéfica para a instituição», alertou o presidente do Conselho de Administração. Já Sofia Monteiro atribuiu um significado especial à participação das crianças: «Elas nasceram cá, estão bem de saúde e, provavelmente, também poderão ter os seus filhos na Guarda», sublinhou, considerando que também representam «o futuro e o querer viver no distrito». Por isso, a porta-voz do Movimento de Utentes do Hospital Sousa Martins espera poder comemorar o centenário de uma unidade com «todas as suas valências». A festa, que continuou ao final da tarde com os adultos, foi a iniciativa mais recente contra o eventual fecho da maternidade. Nos últimos meses, as acções têm-se multiplicado na Guarda, desde a campanha da fralda, a abaixo-assinados, um cordão humano, vigílias e até uma serenata. Tudo dinamizado pelo Movimento de Utentes do Hospital Sousa Martins, Movimento Cívico do Distrito da Guarda, União de Sindicatos e Associação Académica.

Luis Martins

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