É caso para dizer que à oitava foi de vez. Finalmente, o carro do Instituto Politécnico da Guarda que participou em mais uma edição da Shell Eco-Marathon, realizada no último fim-de-semana no circuito francês de Nogaro, conseguiu ultrapassar a “barreira” dos mil quilómetros.
A versão EGI 2006 do “Egiecocar3”, desenvolvida pelo departamento de Engenharia Mecânica da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), percorreu 1.066 quilómetros com apenas um litro de combustível, terminando na 29ª posição da geral. Os guardenses foram ainda a segunda melhor equipa portuguesa desta maratona ecológica. «Tivemos uma participação brilhante e fantástica a todos os níveis», regozija-se Jorge Gregório, coordenador da Egiteam, sublinhando que estar nos primeiros 30, entre cerca de 150 classificados e entre mais de 260 participantes, «deixa-nos muito orgulhosos». Esta foi «a melhor participação de sempre», garante, já que para além da «mítica barreira» dos mil quilómetros ter sido quebrada pela primeira vez, o carro da ESTG também alcançou o feito inédito de entrar nos 30 primeiros da competição francesa em que participam equipas de todo o mundo. «Um dos principais “culpados”» por os mil quilómetros terem ficado para trás foi o novo sistema electrónico de gestão integral da ignição e injecção, «totalmente desenvolvido e concebido» no IPG, salienta.
O professor diz mesmo que o principal motivo «de alegria e contentamento» está no facto de terem conseguido testar com bons resultados o sistema. «É um grande virar de página porque, até agora, as afinações eram todas mecânicas e vão passar a ser electrónicas. É um novo caminho que se abre à nossa frente», rejubila, enaltecendo o trabalho «notável» desenvolvido pelo professor Luís Tenedório e Paulo Ferreira, que concluiu recentemente o curso de Engenharia Informática. Também o desempenho do piloto Gil Bravo, aluno de Engenharia Mecânica, foi elogiado, assim como o trabalho da logística. Agora a Egiteam vai preparar-se para a próxima edição da Sehll Eco-Marathon, tendo por objectivo «melhorar a marca deste ano, tentar entrar nos 25 primeiros e começar a lutar para sermos os primeiros», anuncia. Em termos de quilómetros, «ainda é prematuro» falar numa nova meta, mas sempre deixa escapar que ambiciona chegar aos 1.200/1.300.
Quanto aos outros representantes da região, o Nerga – Núcleo Empresarial da Região da Guarda, que se estreou nestas andanças com o “velhinho” “Egiecocar”, também desenvolvido pela Egiteam, obteve uma boa prestação ao fazer 726 quilómetros, terminando na 48ª posição. Já o carro da Escola Profissional de Trancoso percorreu 325 quilómetros e ficou-se pelo 99º lugar entre as 146 equipas classificadas. A mesma sorte não teve, mais uma vez, o UBICAR, desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Electromecânica da Universidade da Beira Interior que viajou até França, mas, devido a problemas na embraiagem do veículo, não conseguiu obter classificação. A prova de 2006 foi ganha pelo liceu francês “La Joliverie”, com 2.885 quilómetros percorridos com um litro de combustível. Quanto ao recorde do certame permanece na posse de uma equipa suíça que, no ano passado, andou 3.836 quilómetros.
Ricardo Cordeiro
