“Afinal, qual é o problema de Manuel Maria Carrilho?”
Esta é a pergunta que muitos portugueses fizeram durante a última semana. Bem, também não foram assim tantos. Vá, digamos, esta é a pergunta que quatro portugueses fizeram a última semana. E um deles foi por escrito para o consultório da Nova Gente.
Devo dizer que não faço a mais pequena ideia de qual seja a resposta a essa pergunta, o que não me impedirá de preencher o espaço que me está reservado a debitar opiniões infundadas sobre o assunto. Os leitores reconhecerão com facilidade que há cerca de seis anos essa se tornou uma característica que muito me aproxima de Bárbara Guimarães, mulher do referido Manuel Maria: ter um espaço reservado para falar sobre temas dos quais não se entende patavina. Ela com um programa de livros, eu com uma crónica de costumes.
Na minha humilde opinião (frase que se utiliza quando alguém se está a borrifar para as opiniões dos outros), Manuel Maria Carrilho é um dos descendentes de Cristo identificados por Dan Brown, esse enorme historiador, no livro O Código Da Vinci. Esse é o motivo pelo qual o ex-ministro é tão perseguido por uma classe jornalística conhecida por ser tão fervorosa adepta da Opus Dei e controlada pelo Priorado do Sião. Se acham que Robert Langdon passa maus bocados a fugir desta gente, imaginem as agruras que Carrilho sofre por carregar esse fardo tão brutal que é ser descendente do Filho de Deus, o que faz também do professor um descendente directo de Deus.
Carrilho terá, ao que soube uma fonte por mim próprio inventada, lido o Código Da Vinci todo de seguida, sem paragens para ir à casa de banho ou fazer uma declaração pública na televisão, para aprender a construir uma teoria da conspiração mais verosímil. Inventar coisas, como faz Dan Brown, pode vir a dar jeito. Nesse livro, Carrilho poderia colocar deputados do PS e alguns jornalistas da SIC a conspirar contra si em pleno século XIV, disfarçados de cobradores de impostos enquanto percorrem o país medieval.
Carrilho é também um marido extremoso e preocupado. Foi possível comprovar isso pela quantidade de vezes que Bárbara e o pequeno Diniz apareceram junto dele em vídeos promocionais ou em reportagens da “Caras”. Hoje sabemos que o deputado não estava a utilizar a família de forma indevida com fins políticos, mas apenas a protegê-los, evitando que a mulher e o filho comparecessem junto da imprensa sozinhos e desamparados e lhes acontecesse alguma tragédia (estou a pensar em, por exemplo, algum deles ser convidado a apresentar um programa de música clássica com Vitorino d’Almeida).
Carrilho teme a inveja. E neste país todos o invejamos. E não é sequer porque ele esteja casado com Bárbara. (Para isso invejava por antecipação o gajo que levar a Scarlett Johansson) É por causa do seu penteado, por causa da sua simpatia, por causa da sua humildade, por causa do seu bom perder, por causa da sua identificação com o homem comum. Tenho para mim que mesmo que Manuel Maria Carrilho fosse celibatário, uma grande parte dos homens portugueses teriam inveja de não ser como ele. É sabido também que a vida nas grandes cidades é uma selvajaria de invejas e intrigas. Por isso, os bons jornalistas e os que fazem as manchetes do “Expresso” atacaram o filósofo da forma injusta a que pudemos assistir.
Daí que Manuel Maria Carrilho tenha assumido publicamente que a sua linhagem genealógica descenda de Cristo por parte do pai e de Calimero por parte da mãe.
Por: Nuno Amaral Jerónimo