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PLIE será “braço terrestre” dos portos

Projecto da Guarda é uma das quatro plataformas transfronteiriças que integram a Rede Nacional apresentada pelo Governo

A Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda vai ter capacidade para alfandegar e desalfandegar as mercadorias e bens que entram e saem de Portugal. Uma tarefa apenas praticada até agora nos portos nacionais e que o Governo atribuiu às quatro plataformas transfronteiriças que integram a Rede Nacional, apresentada na semana passada. Outra boa notícia confirmada no Porto é a viabilidade de uma ligação ferroviária às linhas da Beira Alta e Beira Baixa. Para Joaquim Valente, o projecto vai ter «outra atractividade» em termos empresariais daqui para a frente.

O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações deixou claro que vai dar «prioridade estratégica» à implementação desta rede formada por onze projectos. O objectivo é transformar Portugal «numa Plataforma Atlântica de entrada de movimentos internacionais no mercado ibérico e europeu», explicitou a secretária de Estado dos Transportes. Ana Paula Vitorino sublinhou mesmo que «chegou a hora de potenciar o nosso posicionamento geo-estratégico privilegiado em relação às rotas transcontinentais do Atlântico, ultrapassando o efeito de periferia relativo ao continente europeu». Nesta tarefa cabe às plataformas transfronteiriças (Guarda, Chaves, Elvas e Valença) uma função importante, a de estender a Espanha os nossos portos, para além de ser sua «vocação primordial» a dinamização da economia regional e a captação de fluxos e investimentos industriais. No caso da Guarda, pretende-se que seja o “braço terrestre” dos portos de Leixões, Aveiro e Figueira da Foz, em articulação com a plataforma de Salamanca. Para tal contam os «bons acessos rodoviários» à PLIE, servida pela A23 e, ainda este ano, pela A25, e futuramente pela construção de um ramal de ligação à Linha da Beira Alta, a partir da qual é possível aceder à linha da Beira Baixa. Uma possibilidade que já está «avaliada», diz a tutela.

O investimento total previsto é de 34 milhões de euros, incluindo oito milhões para a construção do ramal ferroviário, refere o dossier da Rede Nacional. Na sessão portuense, os especialistas apresentaram outro dado importante. É que, em 2004, saíram por Vilar Formoso mais de 12,5 milhões de toneladas de mercadorias e entraram mais de 14 milhões, o que faz desta a principal fronteira terrestre do país em termos de transacções comerciais. Um fluxo de que a PLIE deverá tirar grande proveito. Assim espera o autarca local. Joaquim Valente vê a inclusão da Guarda nesta rede nacional como o reconhecimento da importância da plataforma que está a nascer na Quinta dos Coviais. «A Guarda já não é interior, mas tem uma centralidade periférica em relação a Espanha», argumenta. O edil destaca sobretudo a complementaridade com os portos e os poderes alfandegários e administrativos concedidos: «É uma solução que cria valor acrescentado ao transporte e à própria mercadoria, permitindo às empresas uma distribuição mais célere e menos tempo de armazenamento», refere. O que também ganha «mais importância e consistência» é, na sua opinião, o terminal rodo-ferroviário, pois a PLIE passa a ser «importante para o negócio da CP e da REFER no transporte de mercadoria», acredita.

Luis Martins

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