A Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) criou alvoroço na última Assembleia Municipal da Guarda. Bárbara Xavier (Bloco de Esquerda) trouxe o assunto para a ordem do dia e questionou o Ministério da Saúde e a ULS da Guarda sobre a ausência de consultas prévias no hospital local e de consultas para a realização do ato médico.
A moção foi aprovada por maioria, com três votos contra, 59 a favor e sete abstenções. Na ocasião, a deputada bloquista pediu «que se cumpra a lei». «O direito à Interrupção Voluntária da Gravidez foi consagrado há 16 anos e na Guarda não ocorre», denunciou Bárbara Xavier, que fez questão de acrescentar que «nunca a IVG é apenas por um motivo financeiro. Felizmente podemos abortar pelo motivo que quisermos». O PS ficou do lado da eleita do BE. João Vaz lembrou que «o aborto é um direito e não há direitos absolutos. O direito do médico ser objetor de consciência não pode ser superior ao direito da mulher de abortar. O Sistema Nacional de Saúde tem de resolver esta lacuna e se os médicos são objetores de consciência nada os impede de dar o acompanhamento inicial à mulher», afirmou o deputado.
Pedro Nobre (PSD) votou contra e assumiu que «gostava que os esforços feitos para promover o aborto fossem direcionados para promover e facilitar o nascimento de crianças – promovendo a vida e rejeitando a morte». Também o presidente da Assembleia Municipal votou contra a moção e fez uma declaração de voto para criticar Bárbara Xavier, a quem pediu que «faça para si as suas considerações éticas, políticas e civis… Respeite a objeção de consciência». Perante estas intervenções, a deputada questionou se «querem mesmo que venham crianças ao mundo quando não há propostas para as receber? Que ações vamos ter depois de obrigarmos uma mãe a levar a gravidez até ao fim? Quem se vai responsabilizar por estas mulheres e por estas crianças?».
Segundo O INTERIOR apurou, no Hospital Sousa Martins as consultas de acompanhamento da IVG têm sido feitas, no entanto, a interrupção da gravidez é realizada noutros hospitais, como, por exemplo, em Viseu. Fonte hospitalar adiantou que ter o serviço de IVG a funcionar no hospital guardense gera «mais pressão» nos serviços e urgências hospitalares, que «nos últimos meses têm sido muito requisitados». Além disso, «os hospitais que garantem a interrupção da gravidez já estão devidamente equipados e organizados». A mesma fonte acrescentou que as mulheres que recorrem à IVG e fazem a consulta de acompanhamento no Sousa Martins pedem para fazer o procedimento noutro hospital.