Os autarcas indigitados para a Junta da ComurBeiras querem esclarecer todas as dúvidas com os contestatários da Comunidade Urbana das Beiras. Carlos Pinto (Covilhã), Amândio Melo (Belmonte) e António Baptista Ribeiro (Almeida) deverão encontrar-se com Joaquim Valente (Guarda), José Monteiro (Celorico) e Júlio Sarmento (Trancoso) depois da Páscoa para saberem se contam com eles para o projecto. «Houve uma constituição voluntária da comunidade, que foi decidida pelas Câmaras e sufragada pelas Assembleias Municipais. Oficialmente, desconhecemos qualquer intenção de sair», lembrou Carlos Pinto, em Almeida na segunda-feira.
Nesta última reunião, seis dos 12 municípios constituintes agendaram para 19 de Maio a tomada de posse dos órgãos dirigentes. «Uma nova lista para a Assembleia deverá ser eleita nesse dia em todos os concelhos. Contamos assim instalar o primeiro órgão da ComurBeiras e logo a seguir dar posse à Junta, cujos elementos indicados se mantêm», disse o presidente da Câmara da Covilhã e presidente indigitado desta estrutura supramunicipal. Os últimos meses não têm sido fáceis numa comunidade criada em Junho de 2004 pelos municípios de Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Sabugal, Belmonte, Penamacor, Almeida, Covilhã, Guarda, Celorico da Beira, Mêda, Trancoso e Manteigas. Apesar de ainda não ter arrancado, já houve quem defendesse a sua extinção. O presidente da Câmara da Guarda, que não esteve presente por estar de férias, é a principal voz dissonante. «A ComurBeiras é um “nado-morto”, não serve rigorosamente para nada, visto que os seus órgãos não têm nenhum poder de decisão sobre o desenvolvimento regional», tem defendido Joaquim Valente, adepto confesso de uma região «mais forte».
Quem pensa o contrário é Carlos Pinto, sublinhando que a comunidade urbana viu reafirmado, na passada segunda-feira, «o seu espírito, a sua necessidade e sobretudo a vontade dos municípios se agruparem sem tutelas e por vontade própria». O edil justificou a ausência de grande parte das Câmaras da Beira Interior Norte com o período pascal e reiterou que os pequenos concelhos do interior só podem «enfrentar o centralismo e Lisboa, que acham que não temos capacidade para concretizar projectos importantes, desta forma». Também o impacto de uma eventual regionalização foi desvalorizado: «Uma coisa não é incompatível com a outra. Antes pelo contrário, estes agrupamentos serão necessários para apresentar projectos de raíz supramunicipal e nada melhor que uma comunidade urbana para o fazer», considerou, esperando que a Associação de Municípios da Cova da Beira possa «conjugar-se» com a ComurBeiras para desenvolver a região. Até porque «a previsível redução do papel dos municípios como destinatários dos fundos comunitários pode alargar ainda mais o espaço para estas organizações», acredita.
Só que até lá haverá que combater as reservas da Guarda, Celorico e Trancoso. «As dúvidas devem ser esclarecidas internamente por cada autarquia, entretanto, contamos com todos até haver uma decisão oficial em contrário», insistiu, enquanto Baptista Ribeiro realçou a «grande união» existente na ComurBeiras. «Este projecto é bom para a região. Somos pequenos municípios do interior e temos que estar unidos», acrescentou, lembrando a «posição dominante» do litoral: «Basta ver o que acontece com os fundos comunitários e com as decisões do Governo. Se não nos unirmos, cada vez nos fragilizamos mais», avisou o autarca de Almeida.
Luis Martins