A Sé Catedral é um dos mais notáveis monumentos do distrito da Guarda e está classificada como Monumento Nacional ( MN), pelo Dec. De 10-01-1907 e Zona Especial de Protecção (ZE) DG 154 de 03-07-1953.
A sua história remonta ao tempo da transferência da diocese da Egitânia ( actual Idanha-a-Velha) para a então nova cidade da Guarda em 1199, por pedido de D. Sancho I ao Papa Inocêncio III, que imediatamente começou a construí uma catedral. Dessa primitiva construção, Românica, hoje já nada resta. Uma segunda Sé, seria construída por D. Sancho II no período de transição para o gótico, mas também esta não chegou aos nossos dias. A Actual Sé, deve-se ao impulso de D. Fernando, que em 1374 ordenou a demolição da velha catedral que se situava extra-muros, e exposta aos perigos das guerras com Castela. Em 1390 , já no reinado de D. João I inicia-se a construção da nova Catedral, num processo bastante moroso, que só viria a ficar a ficar concluído no reinado de D. João III, e por grande insistência do bispo D. Pedro Vaz Gavião. São vários os motivos de interesse e sem paralelo no nosso país, que a Sé da Guarda possui. Na Fachada principal, o Portal Manuelino encontra-se ladeado por duas torres octogonais maciças e em forma de quilha na parte inferior. No interior, de três naves, transepto saliente e cabeceira tripartida, existe um desnível de terreno do portal principal para a capela-mor, o que obrigou a que o espaço dos tramos das naves não seja idêntico e regular. Na capela-mor conserva-se o imponente retábulo escultórico maneirista, da autoria de João de Ruão, e que corresponde a uma hierarquia do espaço celeste. Se as obras fundamentais decorreram durante a vigência estilística do gótico batalhino – há probabilidades de o projecto inicial se dever a um arquitecto saído do estaleiro dirigido por Huguet – , os portais manuelinos revelam a importância que D. Manuel deu aos pontos fundamentais de algumas obras, contrastando a riqueza decorativa destas micro-arquitecturas com a massa impressionante dos alçados. Do período de finalização das obras, data a Capela dos Pina, panteão de João de Pina, tesoureiro da Catedral, que nesta capela se fez sepultar num túmulo .
Em 1999 o IPPAR lançou uma empreitada de drenagens exteriores, tendo em vista a resolução de problemas de humidade no interior do templo. Paralelamente, decorreram obras de conservação e restauro da capela-mor e renovação da sinalética e iluminação, e mais tarde a Sé veio a ser alvo de uma limpeza exterior, com jacto de areia, que é hoje em dia completamente rejeitada, por desgastar e deteriorar a pedra.(menos mal que a Sé é de granito, e não de calcário, mas este mesmo método foi aplicado na porta joanina do Mosteiro dos Jerónimos, causando danos irreparáveis).
Actualmente, a zona envolvente da praça Luís de Camões, foi alvo de uma intervenção “arquitectónica ” ( pavimentação ) , a qual abordarei mais tarde, num próximo apontamento sobre este imenso património arquitectónico da Guarda, “talhado” no granito e entranhado em nós.
Por: Carla Guerra