Um grupo de 20 empresários hoteleiros e os autarcas dos 10 municípios com Aldeias Históricas decidiram meter mãos à obra e assumir a promoção e dinamização destes 12 lugares privilegiados de História, gastronomia, património e natureza situados nos distritos de Coimbra, Castelo Branco e Guarda. O desafio foi assumido recentemente, em Figueira de Castelo Rodrigo, com uma «unanimidade contagiante», garante Paulo Romão, proprietário das Casas do Côro, um empreendimento turístico de sucesso localizado em Marialva, no concelho da Mêda, e um dos principais dinamizadores desta iniciativa.
A ideia é relançar um produto turístico sub-aproveitado no interior do país. Para tal vai ser constituída uma associação pública de direito privado, à qual caberá registar a marca e o logotipo das Aldeias Históricas, o que ainda não foi feito 12 anos depois do programa ter sido lançado pelo Governo de Cavco Silva. Mas também fazer a sua promoção em feiras de turismo, realizar actividades de animação, criar roteiros e um site promocional. «Chegou a altura de termos uma marca e uma promoção conjunta e estruturada das Aldeias Históricas, um produto que não existe em termos de abordagem ao mercado», adianta o empresário, admitindo que este projecto tem que estar no terreno «até ao final do ano». Os promotores constatam que, passada mais de uma década, não há no terreno nenhuma entidade vocacionada para promover este produto turístico. Pelo que é necessário “vendê-lo” como um destino «apetecível», de forma a recuperar o tempo perdido. «Houve um investimento público inicial avultado que tinha que ser feito, mas que se resumiu às infraestruturas pesadas. O problema é que depois o Estado abandonou completamente estas aldeias à sua sorte. Fez as “Cartas de Lazer” e não lhes deu continuidade», lamenta.
O também presidente da Assembleia Municipal da Mêda considera que «uma boa parte» da actual vitalidade turística destas terras é fomentada por projectos privados ou devido à proximidade com a Serra da Estrela e Espanha. «Marialva, Castelo Rodrigo, Sortelha e Linhares são autênticos “ex-libris”, enquanto que Castelo Mendo e Castelo Novo, por exemplo, não existem praticamente», refere. «Cabe-nos agora desenvolver uma identidade própria em termos de animação e promoção para cada localidade e vendê-la», indica. Nesse sentido, Paulo Romão sublinha que os privados têm a «noção exacta» de que chegou a altura de dar um novo alento às Aldeias Históricas e que devem ser eles os principais dinamizadores deste projecto: «As autarquias não têm vocação para isso e muito menos dinheiro», realça, acrescentando, contudo, que a iniciativa vai «ter que se alimentar sozinha». Entretanto, já foi criado um grupo de trabalho para desenvolver os contactos necessários para concretizar a parceria, procurar apoios financeiros e proceder aos registos necessários. Actualmente existem 12 Aldeias Históricas: Almeida, Castelo Mendo, Piódão, Belmonte, Castelo Rodrigo, Castelo Novo, Idanha-a-Velha, Monsanto, Linhares da Beira, Marialva, Sortelha e Trancoso.
Luis Martins