Sociedade

Pedidos de ajuda ao Banco Alimentar da Cova da Beira disparam

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Escrito por Efigénia Marques

Devido ao aumento de pessoas apoiadas «vamos ter que repartir por pessoa um pedacinho menos, apesar de estarmos a tentar aumentar ligeiramente aquilo que entregamos por instituição», revela Paulo Pinheiro

Com a inflação a subir em flecha e o aumento do preço de quase tudo o que é indispensável para os agregados familiares portugueses, como as contas do gás, da luz, combustível, alimentação e até rendas de casa, as famílias começam a ter o dinheiro contado ao limite e muitas vezes o que fcia disponível acaba por não cobrir todas as despesas. A crise atual tem provocado «um aumento gradual» de pedidos de ajuda ao Banco Alimentar.
«As crises anteriores geralmente traziam sempre períodos onde havia um grande pico de aumento de casos e depois estabilizava. Neste caso não, é um aumento gradual. A inflação vai aumentando aos poucos e as pessoas, sobretudo aquelas que estão muito no limite dos seus rendimentos, a certa altura deixam de conseguir fazer face às suas despesas», explica Paulo Pinheiro, responsável do Banco Alimentar (BA) da Cova da Beira, a O INTERIOR. Para além dos novos pedidos de ajuda, quem já beneficia de ajuda alimentar viu a sua situação agravar-se nos últimos meses e há mesmo «pessoas que pedem às instituições um reforço», porém para o BA existe uma dificuldade em responder a esses reforços porque «os donativos que temos são mais ou menos fixos e a nossa capacidade de dar resposta a estes casos é muito limitada em termos de aumento. Portanto, neste caso é quase fazer o milagre dos pães, é quase dar para mais gente com o mesmo que temos. Vamos ter que repartir por pessoa um pedacinho menos, apesar de estarmos a tentar aumentar ligeiramente aquilo que entregamos por instituição», uma vez que os donativos são sempre feitos a instituições particulares de solidariedade social da região que depois os fazem chegar às famílias.
Atualmente o Banco Alimentar da Cova da Beira apoia 13 municípios da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela, à exceção de Almeida e Figueira de Castelo Rodrigo, sendo que os pedidos de ajuda têm tendência a aumentar em todos os concelhos. O que obriga a que «sejamos muito seletivos nos apoios que damos e sabemos que há pedidos que têm os seus méritos, são pessoas que era conveniente apoiarmos e que pura e simplesmente não temos capacidades e não temos meios de chegar a essas pessoas e instituições. Por isso, já vamos recusando alguns pedidos», lamenta Paulo Pinheiro. Questionado sobre a forma como o Banco Alimentar irá fazer face ao crescente pedido de ajuda alimentar, o responsável revela que «aumentar o número de campanhas não é solução. Portanto, na nossa região aquilo que temos que melhorar, e tem que melhorar muito, é a aproximação do Banco Alimentar a empresas e particulares que possam dar donativos e, preferencialmente, donativos alimentares».
Apesar de já ser um trabalho feito pelos 20 voluntários “permanentes”, que ajudam para além das campanhas nos supermercados, o trabalho tem que ser feito «de uma forma mais assertiva, de forma a conseguirmos percorrer melhor a nossa região de atuação, que é extremamente vasta (…). No entanto, também somos um banco de voluntários e por vezes o problema está em arranjar pessoas, em primeiro lugar, com tempo e, em segundo lugar, com disponibilidade para levar a cabo estas tarefas de contactar empresas, de ir à luta para conseguir arranjar estes alimentos e excedentes que nos dão tanto jeito para ajudar quem necessita», sublinha o responsável. Atualmente o Banco Alimentar contra a Fome da Cova da Beira tem uma rede de 34 instituições que cobrem os territórios de atuação.

 

Carina Fernandes

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Efigénia Marques

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