A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, assumiu, terça-feira, como uma prioridade a construção do Museu do Côa, anunciando o início da obra para Janeiro de 2007 e a abertura daquele espaço para finais do ano seguinte.
A governante visitou o Parque Arqueológico do Vale do Côa, para onde está prometido o museu há quase uma década, e foi confrontada com a dúvida da população e entidades locais acerca da concretização desta obra, considerada localmente como «um pilar» para o desenvolvimento. «Compreendo a impaciência das pessoas e do presidente da Câmara, mas acho que estão criadas as condições para avançar com mais celeridade», afirmou, realçando também o esforço financeiro do Ministério da Cultura para assegurar os 21 milhões de euros previstos. O projecto arrasta-se desde que as gravuras rupestres foram classificadas pela UNESCO Património Mundial da Humanidade, em 1998. O museu foi inicialmente pensado para a zona onde começou a ser construída uma barragem, obra suspensa com a descoberta das gravuras no rio Côa. O projecto foi posteriormente reavaliado e deslocalizado para a zona da foz do Côa, com uma área de seis mil metros quadrados e 190 metros de cumprimento, o equivalente a um porta-aviões, mas que não vai chocar com a paisagem, segundo garantem os arquitectos.
O local e as principais zonas de gravuras foram visitados pela ministra da Cultura que teve oportunidade de observar o que classificou como um «paraíso perdido», mas que se tem revelado «um purgatório» para as gentes locais, afirmou Emílio Mesquita. O presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa considera este projecto uma «âncora» para o desenvolvimento do concelho, que pouco tem beneficiado com a «fama» das gravuras. Disse, no entanto, que «passou muito tempo» e que as «muitas intenções» no domínio do turismo cultural têm ficado «pendentes de uma ansiedade que desmotiva e desmoraliza». Espera, porém, que as «boas notícias» da ministra ajudem a «fazer a transição do purgatório para o paraíso». A ministra garantiu que, além da construção do museu, «prioridade do Governo para a Cultura» e do seu ministério, a aposta passará também pela investigação e pelo desenvolvimento económico local. Segundo disse, é «obrigação» do ministério apostar mais na investigação no Parque Arqueológico do Vale do Côa, que considerou «um bem patrimonial como temos poucos em Portugal» e com «virtualidades enormes».
Outras das razões apontadas por Isabel Pires de Lima para a sua deslocação foi a «necessidade de um maior esforço nas acessibilidades». A zona de intervenção do museu contempla algumas, nomeadamente de ligação à sede de concelho e um cais fluvial que a ministra pretende venha a fazer a ligação entre os dois patrimónios da humanidade, o Douro Vinhateiro e o Côa. Da assistência que ouviu as garantias da ministra surgiu outra proposta que é já uma reivindicação antiga, a reactivação das ligações ferroviárias. A governante constatou já ter sido confrontada com essa pretensão e prometeu «meter a “cunha” ao ministro dos Transportes».