A aldeia de Janeiro de Cima, no concelho do Fundão, vai estar completamente requalificada até ao final do Verão. Assim espera Ana Cunha, arquitecta do Gabinete Técnico Local (GTL) da Gardunha e responsável pelo plano de requalificação daquela aldeia de xisto, localizada nas margens do rio Zêzere.
Os trabalhos no perímetro da Igreja Velha, orçados em cerca de um milhão de euros, já estão praticamente concluídos. «No fim do Verão as obras já devem estar terminadas e talvez essa seja a altura ideal para se fazerem eventos», adianta Ana Cunha, referindo-se nomeadamente à promoção turística da aldeia e à interligação com as restantes 24 aldeias de xisto classificadas. Isto porque «qualquer uma delas deverá ser uma porta para todas as outras», salienta. Seja como for, a terra do linho e do xisto tem-se revestido nos últimos dois anos de uma nova imagem. A recuperação das casas é, sem dúvida, a intervenção mais evidente, estando actualmente 50 casas de particulares a serem intervencionadas com o apoio do FEDER em 70 por cento do custo da obra. O restante é suportado pelos donos. No entanto, há também melhorias na rede de abastecimento, infraestruturas, arruamentos e espaços públicos, para além da criação de actividades económicas. É o caso da Unidade de Turismo em Espaço Rural (TER) que aguarda apenas pelo licenciamento da energia para poder entrar em funcionamento.
O imóvel, denominado “Casa da Pedra Rolada”, foi adquirido pela Câmara do Fundão e deverá ser concessionado em breve. Dispõe de uma suite, dois quartos duplos, cozinha, sala e casa de banho, num investimento da ordem dos 85 mil euros. Em obra encontra-se outra unidade TER, da responsabilidade de privados. Completamente recuperada está também a casa onde vai nascer o restaurante “Fiado” – nome alusivo ao linho –, de cozinha tradicional, e que será igualmente concessionado. O investimento rondou aqui os 120 mil euros, faltando apenas definir as «linhas de mobiliário e acessórios», adianta Ana Cunha, pelo que a inauguração deverá acontecer em Março, «no primeiro dia da Primavera ou a 11 de Maio». A “Casa das Tecedeiras” foi o primeiro projecto concretizado na aldeia de xisto. Desde 2004 que a arte de fiar o linho é praticada por oito mulheres, que conseguiram revitalizar um saber de gerações. «É um emblema, pois corresponde a uma necessidade local e é um exemplo em termos de intervenção», garante a arquitecta. Para Ana Cunha, este programa é «excelente», pois visa combater a desertificação, criar actividades económicas e, consequentemente, «rejuvenescer» os habitantes.
Liliana Correia