O futuro da Junta de Freguesia de São Pedro, em Gouveia, em gestão corrente desde a tomada de posse dos novos eleitos, está nas mãos da Governadora Civil da Guarda. É que o seu presidente considera que Maria do Carmo Borges está agora em condições de marcar eleições intercalares e nomear uma comissão administrativa. Na última segunda-feira, o edil socialista apresentou os seus argumentos numa conferência de imprensa durante a qual João Amaro adiantou já ter esgotado «todas as diligências possíveis» para haver um entendimento com os elementos do PSD e da CDU, maioritários na Assembleia de Freguesia. «As posições mantêm-se inflexíveis», garante.
Esta paralisação fica a dever-se à falta de acordo entre os partidos mais votados para formar o executivo. O PS ganhou as eleições de 9 de Outubro, mas obteve tantos mandatos como o PSD para a Assembleia de Freguesia, enquanto a CDU elegeu um elemento. Um cenário de 4-4-1 que tem inviabilizado a escolha do elenco da Junta e o funcionamento da própria autarquia, pois as propostas do presidente têm sido sucessivamente rejeitadas pelos eleitos do PSD e CDU. Para ultrapassar o impasse, João Amaro disse ter reunido com os cabeças de lista após conhecer a posição do Governo Civil, que recusou marcar eleições intercalares e apelou ao entendimento dos envolvidos. Em cima da mesa estava a proposta de escolher um executivo «representativo da votação obtida nas urnas», explicou. Isto é, dois elementos do PS, mais um do PSD. Ou eventualmente da CDU, ficando os social-democratas com a presidência da Assembleia, e vice-versa. Contudo, a sugestão não foi aceite, pelo que, no final de Janeiro, realizou-se outro encontro com os nove eleitos da Assembleia de Freguesia, que também foi inconclusivo.
«A ideia era reflectirmos para ultrapassar a situação de ingovernabilidade, mas os meus adversários preferem manter esta estranha aliança ao defenderem uma Junta tripartida. Só que esse modelo é impraticável», sustenta. Perante isto, João Amaro admite que «o melhor é partir para outra», pois a oposição «não pode aspirar a ter um presidente em minoria no executivo». E acrescenta que é na Assembleia de Freguesia que «se faz oposição e não na Junta», não abdicando, por outro lado, de cumprir o seu programa eleitoral. Para Carlos Borges, cabeça de lista do PSD, as intercalares serão «a saída mais airosa neste processo», continuando a reivindicar uma Junta tripartida. «É uma solução tão discutível quanto as propostas do cabeça de lista do PS», esclarece, garantindo que, depois de tudo o que se passou e sobretudo «o que foi dito» nos últimos meses, «não será fácil haver entendimento na Junta de São Pedro». Opinião diferente tem Carlos Nabais, para quem ainda não foram esgotadas todas as possibilidades. O único eleito da CDU diz estar disponível para chegar a um acordo e que, para tal, bastará uma «repartição de responsabilidades, tal como definiram os eleitores». Até porque o parecer da CCDRC discorda da marcação de eleições intercalares: «Não há outra possibilidade que uma Junta tripartida, o que até é uma mais-valia para a gestão de uma freguesia que foi monocolor do PS durante 30 anos», argumenta.
Luis Martins