A Guarda foi o sétimo distrito do país mais afectado pelos incêndios em 2005. De acordo com o relatório apresentado segunda-feira, em Lisboa, pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), as chamas consumiram mais de 24.500 hectares de mato e florestas. Para além da seca prolongada registada no ano passado, o documento aponta o fogo posto como a causa mais evidente da grande maioria dos fogos florestais. Em termos nacionais, arderam 325.226 hectares em 2005, mais de um terço dos quais provocados «intencionalmente».
Segundo a DGRF, no ano passado apenas 2,2 por cento dos incêndios florestais registados no país ficaram a dever- se a causas naturais, enquanto o uso negligente do fogo representou 26,8 por cento, causas acidentais 8,2 por cento, intencionais 35,4 por cento e indeterminadas 27,4 por cento. O relatório especifica mesmo que a percentagem das diversas causas de origem humana difere regionalmente, «com uma predominância das causas intencionais no litoral Centro e Norte, do uso negligente do fogo no Norte e Centro interior, das causas acidentais no Centro interior e região alentejana, apresentando o Algarve uma representatividade equivalente dos três tipos de causas». Quanto às causas naturais, elas correspondem a percentagens sempre reduzidas e «com alguma expressão apenas no interior Centro e no Alentejo», acrescenta o documento elaborado pela Divisão de Defesa da Floresta Contra Incêndios da DGRF. Uma análise que é extensível ao distrito da Guarda, onde as autoridades têm atribuído a origem de vários fogos a descuidos, mão criminosa ou queimadas mal controladas. Essa terá sido a causa do último incêndio do ano, ocorrido em meados de Dezembro no concelho de Gouveia. Apesar do frio e das geadas, as chamas lavraram durante 10 horas na encosta do Parque Natural da Serra da Estrela.
Por distrito, Coimbra foi o mais castigado (47.642 hectares), seguido de Viseu (37.837) e Vila Real (35.002). Muito abaixo desses valores ficaram, entre outros, Leiria (25.675), Guarda (24.592) e Castelo Branco (20.124). O distrito menos afectado foi o de Setúbal, com apenas 1.008 hectares consumidos. A nível local, Seia manteve a liderança no seio dos municípios do distrito da Guarda, com perto de oito mil hectares de área ardida. Pinhel (3.930), Manteigas (cerca de 3.000), Gouveia (mais de 2.500) e Trancoso (2.351) foram outros dos mais afectados em 2005. Em comparação com os dois últimos anos verifica-se que 2005 foi bem pior que 2004, quando arderam 13.077 hectares, mas muito melhor que os 46.494 hectares registados em 2003.