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Lugar de Trigais disputado por Belmonte e Sabugal

Município raiano solicitou redefinição dos seus limites junto do Instituto Geográfico Português

A Câmara do Sabugal apresentou uma reclamação junto do Instituto Geográfico Português (IGP) em protesto contra o facto do lugar de Trigais surgir, nalgumas cartas militares mais recentes, integrado na freguesia de Inguias, do concelho de Belmonte. O município raiano garante que a aldeia continua «administrativamente integrada» na freguesia da Bendada, onde os seus habitantes continuam a exercer o direito de voto. Outro local que merece a contestação da edilidade sabugalense é a zona do Cabeço das Fráguas que aparece integrada no concelho da Guarda.

Manuel Rito, autarca do Sabugal, explica que o município decidiu apresentar uma reclamação «porque a marcação que o IGP fez no mapa administrativo de Portugal não é conforme o que a Câmara pensa que é o limite do concelho». Concretamente, o limite marcado pelo IGP coincide com «algumas cartas militares mais recentes» que motivam «diversas discordâncias da Câmara», em especial o lugar de Trigais, «que pertence à freguesia da Bendada, mas vem incluído no município de Belmonte, o que não nos parece correcto», adianta. Também a zona da Quinta de São Domingos, no Cabeço das Fráguas, que o edil diz ficar localizada entre as freguesias de Pousafoles do Bispo e de Penalobo, apesar de não abranger nenhuma povoação, levanta «algumas discrepâncias no limite com a Guarda que nos parece que terão que ser dirimidas», considera. A missiva enviada ao presidente do IGP, onde é abordada quase exclusivamente a questão relacionada com Trigais, apresenta uma exposição exaustiva com os motivos que a edilidade raiana considera que lhe assistem neste assunto. Entre as várias justificações apresentadas para provar que a razão está do seu lado, a Câmara do Sabugal afirma que Trigais «continua administrativamente integrada na freguesia da Bendada», Junta onde os seus habitantes «estão recenseados eleitoralmente, votando em mesa única», esclarece.

Belmonte não abdica

De resto, é na Bendada que os habitantes de Trigais «procuram o serviço religioso», sendo pelo concelho do Sabugal que é «ali administrado o primeiro ciclo do ensino básico, em edifício construído há muitas décadas por esta autarquia e sua propriedade», garante. Por outro lado, o documento indica que «a aldeia dos Trigais, antiga Quinta dos Trigais, foi anexada à freguesia da Bendada e desanexada da freguesia das Inguias (do concelho de Belmonte) pela Reforma Administrativa de 1836». Assim, «depois da anexação à freguesia da Bendada não temos conhecimento de qualquer diploma que a anule», reforça. No entanto, o documento, a que “O Interior” teve acesso, já foi enviado a 21 de Abril do ano passado e, cerca de nove meses depois, ainda não chegou qualquer resposta. Contudo, apesar da demora, Manuel Rito, «convencido da razão» no processo, garante que está a aguardar «serenamente» por uma tomada de posição, até porque se trata de questões que necessitam de ser «bem avaliadas por quem faz as cartas» e, neste caso, a responsabilidade é do IGP. De resto, já houve «algumas abordagens» entre as Câmaras do Sabugal e Belmonte sobre este assunto, mas como ambas entendem terem razão, terá que ser mesmo o instituto a decidir.

No entanto, o autarca acredita que se vai chegar a um acordo, «com mais ou menos tempo». Em relação à autarquia da capital de distrito, o levantamento da questão relativa à zona do Cabeço das Fráguas só foi efectuado por oficio, não tendo havido «ainda nenhuma conversa sobre o assunto», adianta. Curiosamente, o site da Câmara do Sabugal diz que a freguesia da Bendada «inclui as anexas da Quinta do Monteiro, Quinta da Ribeira, Quinta do Ribeiro, Quinta de Santo António, Rebelhos e Trigais», enquanto que o da Câmara de Belmonte não faz qualquer menção à aldeia que está a motivar esta discórdia. «Compõe esta freguesia – Inguias – as povoações de Inguias, Carvalhal Formoso e Olas», pode ler-se. “O Interior” tentou contactar Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, mas tal não foi possível até ao fecho desta edição.

Ricardo Cordeiro

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