As escolas do primeiro ciclo do ensino básico da Atalaia (Teixoso) e Terlamonte representam o concelho da Covilhã nas listas recentemente publicadas pelo Ministério da Educação dos estabelecimentos a encerrar no próximo ano lectivo. Porém, o fecho vai abranger 41 escolas primárias no distrito de Castelo Branco.
Sara Saraiva, a professora de serviço na Atalaia, foi avisada há 15 dias do fecho daquela escola. «O anúncio não constituiu grande surpresa», refere, uma vez que apenas a Irina e o Igor, de 8 anos, e o Rui, de 9, frequentam a escola. Há leccionar há 10 anos na pequena anexa, a docente recorda que, quando ali chegou, o edifício estava «completamente degradado e não existia sequer um recreio para as crianças poderem brincar». Contudo, e fruto de alguma insistência sua, as instalações acabaram por ser recuperadas há seis anos atrás. Em matéria de equipamento, Sara Saraiva também não tem por que se queixar: «Temos três computadores, um por cada aluno», sublinha, notando que o investimento será inutilizado. No entanto, uma escola não se faz apenas de condições físicas. Aqui não existe prolongamento de horário, o ensino do inglês é uma miragem e nem as aulas de educação física cá chegaram. Por isso, a professora admite que, «em termos pedagógicos, o fecho será melhor para as crianças», uma vez que a deslocação para a escola mais próxima, no Teixoso, lhes vai proporcionar «novas possibilidades de aprendizagem».
Para o pequeno Rui, que tem necessidades educativas especiais e só este ano aprendeu a ler, a mudança também não constitui novidade, uma vez que já viveu o fecho da escola do Sarzedo há dois anos, de onde se desloca todos os dias de táxi até à Atalaia. Sara Saraiva diz-se «conformada», mas lamenta «a perda de raízes» e receia «a desertificação» da localidade, esperando que no Teixoso as crianças encontrem, já no próximo ano, «novas formas de sociabilização no relacionamento com outras crianças». No Terlamonte o cenário não é muito diferente. Maria Alcina Gonçalves, ali professora há 15 anos, converteu-se recentemente à ideia do fecho. É que para além de não existir prolongamento escolar, também a educação física, musical e o inglês são uma miragem nesta escola. «Aqui, as oportunidades são reduzidas e as crianças da cidade até têm aulas de natação», argumenta. A Mariana, que frequenta o primeiro ano, a Inês no terceiro e o Bruno e a Daniela, no quarto ano, são quem tem vivido estas limitações. Às aulas, que a professora diz serem «monótonas», seguem-se os recreios. «Eles nem podem jogar futebol porque não chegam para formar uma equipa», constata, esperando que os seus actuais alunos encontrem no Teixoso «um mundo novo, cheio de oportunidades e que lhes permita relacionarem-se, viver os típicos conflitos da infância e partilhar experiências com outras crianças».
Ordem para encerrar
Das 41 escolas do distrito de Castelo Branco que vão encerrar portas, seis são do concelho de Castelo Branco, uma de Belmonte (Estação), duas da Covilhã, cinco do Fundão (Bogas de Cima, Castelo Novo, Enxabarda, Freixial e Póvoa da Palhaça), duas em Idanha-a-Nova, quatro em Mação, cinco em Oleiros, uma em Penamacor e duas em Proença-a-Nova. A Sertã é o município que lidera a lista, com um total de 13 estabelecimentos de ensino do primeiro ciclo com ordem de fecho.
Rosa Ramos