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Administração do CHCB decide arquivar processo do caso da cesariana

Interrogatório feito por especialistas externos revelou não ter existido qualquer negligência

O processo contra o médico Carlos Santos Jorge, obstreta responsável pelo parto por cesariana ocorrido no início do mês de Agosto, em que a parturiente acabou por perder um rim, foi arquivado, por decisão do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB). A medida surge na sequência de um inquérito iniciado a 10 de Novembro e levado a cabo por especialistas do Colégio de Obstetrícia e Ginecologia da Ordem dos Médicos, nomeadamente um instrutor e um perito.

O Conselho de Administração que, segundo Miguel Castelo Branco, terá tido conhecimento das conclusões finais do inquérito «numa reunião a 6 de Dezembro», considerou «não existir matéria para nenhuma acção adicional», tendo por base «os relatórios coincidentes do instrutor e do perito» elaborados ao longo do processo de averiguação e que concluem a inexistência de «qualquer acto de negligência». Porém, do outro lado está a família da parturiente, que teve conhecimento dos resultados na última semana. Ricardo Duarte, o marido da paciente, chega mesmo a classificar as conclusões do inquérito como «vergonhosas», embora as desvalorize, dizendo tratar-se, apenas, de resultados «de um inquérito promovido pelo próprio hospital». De resto, assegura que o advogado Garcia Pereira «continua a seguir todo o processo». Embora não queira adiantar pormenores sobre os próximos passos em matéria judicial, Ricardo Duarte garante que «nem que demore cem anos, a verdade há-de vir ao de cima», afirmando que acha «estranho» que o inquérito tenha demorado «tanto tempo a sair, quando o próprio administrador garantiu que a análise seria breve». Por outro lado, mostra-se também surpreendido por, há cerca de um mês, ter sido «avisado às onze da manhã» de que iria ser ouvido «às três da tarde do mesmo dia». Em causa está, recorde-se, uma cesariana realizada no Hospital Pêro da Covilhã no início do mês de Agosto, dirigida por Carlos Santos Jorge, obstetra no CHCB e também presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstetrícia há sete anos. O bebé, que se encontrava numa posição difícil, acabou por provocar uma laceração no útero, a que se seguiu uma hemorragia. Só que ao ser estancada, terá havido um rompimento do uréter, o canal que conduz a urina do rim para a bexiga, o que terá motivado a perda de um rim e de um ovário da parturiente.

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