A viver uma crise directiva desde Agosto, a Associação Mutualista da Covilhã vai a votos no sábado. Lado a lado concorrem o médico Carlos Casteleiro e Ramiro Reis, o anterior presidente da direcção demissionária, que volta a candidatar-se com uma lista constituída pela maioria dos antigos membros dos corpos sociais.
O ex-presidente apresentou na última segunda-feira, em conferência de imprensa, as principais motivações e projectos da lista que lidera e quem tem João Morgado e Luís Nave como presidentes da Assembleia Geral e Conselho Fiscal, respectivamente. Ramiro Reis referiu-se ao trabalho realizado nos últimos 29 meses na Mutualista, assegurando que só a dívida aos fornecedores permanentes terá sido reduzida «em mais de metade», ao passo que das restantes dívidas terão sido liquidados 2.310 euros. A criação de uma Unidade Móvel de Saúde e da Farmácia Social, assim como a «continuação do trabalho de recuperação financeira» da associação constituem as suas prioridades para o triénio 2006/2008. De resto, a candidatura terá surgido «a pedido de muitos sócios, utentes e funcionários», porque, segundo o candidato, «havia receio de que não aparecesse uma lista competente». No que concerne à demissão ocorrida há cerca de quatro meses, Ramiro Reis disse apenas ter sido provocada «por 10 por cento dos sócios, que não aceitaram a decisão do despedimento de um médico sem tentarem compreender as verdadeiras razões», explicou.
Quanto a Carlos Casteleiro, algumas das principais ideias a implementar serão uma maior abertura do lar à comunidade, a criação de uma unidade de enfermagem, a liquidação das dívidas à banca num prazo mais curto e a revisão dos estatutos, num projecto abraçado também por Luísa Branco e Arlindo Correia na Assembleia Geral e Conselho Fiscal, respectivamente. Recorde-se que a anterior direcção demitiu-se por divergências com alguns sócios e também devido ao défice financeiro da instituição. Em causa esteve uma reunião geral de sócios no final de Julho, em que perto de 150 associados, de um total de 2.800, aprovou a continuidade do médico Ângelo Caldeira que havia sido suspenso pela direcção desde 1 de Julho. Para além disso, uma das contas bancárias da colectividade foi penhorada pela Constrope, que construiu o centro comunitário e que reclama o pagamento de 56 mil euros. Na altura, a direcção demissionária pediu a nomeação de um administrador judicial para gerir a instituição. Contudo, o atraso do Tribunal da Covilhã levou à convocação de eleições antecipadas. Ainda assim, este facto poderá interferir com o resultado do escrutínio de sábado. O próprio Ramiro Reis admite que as eleições poderão «ser inviabilizadas» caso haja entretanto uma tomada de posição do Ministério Público (MP), embora lamente que o MP não se tenha pronunciado «mais rapidamente».
Rosa Ramos