A Unacobi – União das Adegas Cooperativas da Beira Interior vai lançar no mercado um vinho produzido em conjunto pelas adegas da Covilhã e Figueira de Castelo Rodrigo. O novo néctar está a nascer sob a orientação de dois enólogos de referência, Virgílio Loureiro e Malfeito Ferreira, e deverá estar no mercado «em Março do próximo ano», anunciou Bidarra Andrade, presidente da Unacobi e da cooperativa covilhanense.
A revelação foi feita à margem de uma reunião sobre a necessidade dos agricultores e das cooperativas enveredarem por numa gestão integrada para que o sector possa sobreviver. A acção decorreu na semana passada na Adega da Covilhã e contou com a presença do secretário de Estado Adjunto da Agricultura e Pescas, Luís Vieira. O suco extraído das castas tradicionais da região, como a Touriga Nacional, Rufete, Síria e Aragonês, entre outras, já se encontra em lote e aguarda apenas a criação da estrutura de comercialização para chegar aos consumidores, disse Malfeito Ferreira. «É um produto que começa do zero e que irá reflectir as castas e as condições da viticultura do local, mas com um toque de modernidade», acrescenta, sem adiantar no entanto o nome que ostentarão os vinhos branco, tinto e rosé. Por definir está também a comercialização como Denominação de Origem Controlada (DOC) ou Regional. A única certeza é que este vinho tem que ser um néctar «com garantias de sucesso, apreciado pelos consumidores e com uma qualidade acima da média», de forma a colocar a Beira Interior «no mapa dos melhores vinhos», acredita.
O projecto faz parte de um modelo de gestão integrada que a Unacobi pretende lançar para as cinco adegas que a compõe: Covilhã, Fundão, Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Beira Serra (Vila Franca das Naves). Para além da contratação de dois enólogos de referência, a Unacobi está a avançar com a central de compras, que deverá ficar operacional a partir de Janeiro. Com esta iniciativa, vai ser possível concentrar o volume de encomendas de bens e serviços necessários às adegas, bem como operacionalizar um processo de identificação, selecção e avaliação de fornecedores. Deste modo, as cooperativas poderão beneficiar de algumas vantagens de gestão, nomeadamente no acesso a um maior número de fornecedores, bens e serviços. A central de compras vai permitir ainda a redução dos custos, sobretudo nos gastos inerentes ao processo de encomenda e ao tempo de ciclo da compra. Os próximos passos a dar são a «criação de uma central de vendas, a promoção dos vinhos da Beira Interior, a investigação e uma gestão dinâmica única para as cinco adegas», destaca Bidarra Andrade.
Um projecto a que o presidente da Unacobi espera ver aderir as adegas particulares para que o sector vitivinícola regional possa ser mais competitivo e de qualidade. «O que estamos a fazer não é a descoberta de nada. É apenas o que está a ser feito com sucesso noutros países», garante. Esta foi também a ideia defendida pelo secretário de Estado adjunto da Agricultura e das Pescas. Durante a reunião, Luís Vieira deixou bem claro que a união das cooperativas é «fundamental para o desenvolvimento do sector em Portugal». No país, cerca de 119 adegas produzem 55 por cento do vinho, mas o governante alertou para a necessidade de melhorarem a «comercialização e profissionalização da gestão» para que continuem no mercado. E foi peremptório ao avisar que o Governo irá «diferenciar de uma forma positiva» no próximo QCA as cooperativas que optem pela concentração e redimensionamento. «Iremos apoiar o investimento e modernização destas unidades com taxas de apoio superiores a quem quer percorrer esse caminho sozinho», alertou.
Liliana Correia