A Guarda deverá acolher esta semana um primeiro grupo de cidadãos ucranianos que deixaram o país na sequência da invasão da Rússia. A informação foi revelada pelo presidente da autarquia na reunião quinzenal do executivo, onde também anunciou a criação de um gabinete de crise para acolhimento de refugiados da Ucrânia.
«Neste momento, disponibilizámos no imediato, a capacidade para acolher 125 pessoas, com a colaboração da Movijovem, através da Pousada da Juventude, e da Diocese da Guarda, que prontamente nos indicou o Centro Apostólico, o Seminário e outros espaços, para alojar os refugiados que manifestem a vontade de vir para o nosso concelho», disse Sérgio Costa. O edil acrescentou que a capacidade de alojamento pode chegar «às 250 pessoas no espaço de uma semana», sendo que o primeiro grupo de cidadãos ucranianos chegará «à Guarda esta semana». O gabinete de crise está a funcionar, em articulação com a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, o NERGA, o IPG, a ULS, a Cáritas Diocesana e a comunidade ucraniana na Guarda.
«Estamos a trabalhar em estreita colaboração para bem receber estas pessoas e para agilizar a entrega, na Ucrânia, dos bens que nos forem solicitados pelas organizações humanitárias presentes no terreno para ajudar a mitigar e ultrapassar o duro Inverno e a guerra que esse povo martirizado sofre neste momento», considerou o presidente do município, que expressou «total e absoluta solidariedade» para com a Ucrânia que está «a ser alvo de uma agressão, a todos os títulos, condenável». A criação do gabinete de crise e o apoio aos refugiados mereceu a unanimidade do executivo, com Carlos Chaves Monteiro (PSD) a sublinhar que a Guarda deve «estar ao lado das grandes causas» e só pode estar solidária com o povo ucraniano». Já Luís Couto (PS) considerou tratar-se de uma medida «muito positiva» e «importante» para ajudar quem precisa.
A oposição foi também unânime nas críticas ao executivo por voltar a não realizar a Feira Ibérica de Turismo (FIT), tendo a última edição acontecido em 2019. No período de antes da ordem do dia, Chaves Monteiro desafiou a Câmara a organizar o certame «em setembro ou outubro, argumentando isso seria «um bom sinal» para os guardenses: «Ficaria muito bem ao executivo realizar este grande projeto que a Guarda já assumiu. É um grande momento para a cidade, o concelho e a região, seria dizer que vencemos a pandemia. Não o realizar é ter uma visão pouco dinâmica e atrofiada no tempo», afirmou o vereador social-democrata. Na sua opinião, não haver FIT este ano é sinal de «alguma incapacidade na preparação» do grande, «mas é também destruir, desconstruir, uma ideia que levou oito anos a construir, de capitalidade da Guarda com eventos que mobilizassem a cidade, o concelho e a região. Quanto mais adiarmos a realização destes eventos mais atrasamos o nosso desenvolvimento».
Uma opinião partilhada por Luís Couto, que disse perceber a decisão do executivo, mas considerou que é tempo da autarquia «arranjar soluções para que, o mais rápido possível, se consigam realizar alguns eventos que sejam marcantes para a Guarda, que está a necessitar e muito de, pelo menos, um evento de grande dimensão, que não pode ser só a FIT». O vereador do PS a cidade tem que ter um certame «mais relevante, mais abrangente, para que cative pessoas do país e que marque a agenda. A Guarda tem que trabalhar para isso, se não é este ano é para o próximo, o que não podemos é estar sempre escondidos atrás do Covid». Na resposta, Sérgio Costa disse já ter dito tudo na Assembleia Municipal, mas acrescentou que as críticas não passam de «“fait-divers”, folhetins e política do bota-abaixo». «Não sei se é por causa de algumas pessoas se quererem candidatar a determinados cargos político-partidários», ironizou, aludindo à intenção de Chaves Monteiro pretender concorrer à liderança da concelhia do PSD.
«Não tínhamos qualquer garantia de uma boa organização do certame, que não é uma feira de produtos artesanais, e não podemos correr o risco de fazer uma feira de quase meio milhão de euros para depois não termos o retorno necessário para a economia local», justificou o edil.
Campanha “1.056 Noites Altas” não resultou
Nesta reunião, o executivo aprovou por unanimidade a adjudicação da manutenção e conservação dos jardins e espaços verdes do município. «O serviço foi adjudicado a uma empresa da região por dois anos e graças a este concurso tivemos uma poupança de cerca de 140 mil euros face ao preço base estipulado», revelou o edil guardense, sem adiantar o nome da empresa vencedora. A Câmara aprovou também os pagamentos à hotelaria e restauração do concelho no âmbito da campanha “1.056 Noites Altas”, que se destinava a apoiar estes setores ao longo de 2021. «Houve indicações verbais aos operadores para continuarem e estamos agora a regularizar os pagamentos que estavam pendentes», explicou o presidente do município, adiantado que a campanha, já terminada, ficou «muito aquém das expetativas, tendo sido pago um «valor reduzido» – sem referir qual – às empresas aderentes.
Luís Martins