Arquivo

Hospital da Covilhã entre os “maus”

Estudo da Deco demonstra falta de higiene e de cuidados de conservação da comida servida a doentes e funcionários em vários hospitais do país

O Hospital Pêro da Covilhã faz parte do grupo dos seis que receberam a classificação de “mau” atribuída pela Deco. Esta pontuação resulta de um estudo levado a cabo pela Associação Nacional para a Defesa do Consumidor em 21 hospitais do país, que analisou as condições de higiene e conservação da comida servida aos doentes.

No grupo da unidade hospitalar covilhanense figuram também o São Francisco Xavier, São José e Egas Moniz (Lisboa) e o Hospital do Espírito Santo (Évora). Já os hospitais de Santa Marta (Lisboa) e o dos Covões e Pediátrico (Coimbra) obtiveram a classificação global de “medíocre”. Mais acima na tabela estão apenas o Hospital dos Capuchos (Lisboa) e o privado São João de Deus (Montemor-o-Novo) que obtiveram a pontuação “bom”, numa escala de mau, medíocre, médio, bom e muito bom, no que diz respeito às refeições servidas a doentes. No caso das refeições servidas a funcionários, o cenário piora, com 14 dos 21 hospitais a registarem uma avaliação global negativa. Apenas o privado Hospital da Ordem da Lapa (Porto) obteve apreciação positiva.

A falta de higiene e de conservação dos alimentos são alguns dos problemas apontados para explicar a má qualidade das refeições servidas a doentes e funcionários. De acordo com o estudo, que será divulgado na edição de 25 de Novembro da revista “Pro Teste”, é «na zona dos doentes» que os cuidados «devem ser redobrados», mas foi onde foram encontrados mais problemas. O destaque negativo vai sobretudo para as saladas que não integram a maioria das refeições dos pacientes, como seria aconselhado, além de serem mal preparadas e conservadas. A falta de desinfecção e temperaturas desadequadas são possíveis explicações avançadas para estes resultados, refere a Deco, que denuncia ainda a falta de práticas de higiene, sobretudo ao nível da lavagem das mãos, e onde «foram detectados alguns microorganismos reveladores de má higiene». Outras práticas de higiene desrespeitadas foram cabelos só parcialmente apanhados, uso de calçado de rua e falta de avaliação médica dos funcionários que trabalham no sector alimentar, antes da sua admissão. Ao nível das instalações «o panorama também é mau». Assim, portas, janelas e casas de banho sujas, sistemas de exaustão e ventilação inadequados, paredes mal conservadas e água no chão são cenários vividos em algumas unidades de saúde do país.

No que concerne ao Hospital da Covilhã, o resultado apanhou de surpresa o Conselho de Administração (CA), que ainda esta semana terá uma reunião com alguns intervenientes no caso para apurar as causas. Miguel Castelo Branco disse a “O Interior” que aguarda informações da delegada de saúde da Covilhã, da própria empresa que presta esse serviço ao hospital e da Divisão de Apoio Hospitalar, à qual cabe o controlo da qualidade dentro daquela instituição de saúde. O presidente do CA do Centro Hospitalar da Cova da Beira (CHCB) garante que ainda não viu o estudo realizado pela Deco e apenas possui informação da classificação veiculada pela comunicação social. «Não temos detalhes», explica Miguel Castelo Branco, que aguarda informações mais pormenorizadas. O responsável salienta, ainda, que a empresa que serve as refeições no hospital é externa e que vai agora ser avaliada em termos de métodos de controlo e qualidade para «vermos se estavam a ser bem usados», frisa. De resto, Miguel Castelo Branco revela que foi uma notícia «inesperada» até porque «não havia indícios» de falta de higiene, assegura, remetendo para os próximos dias uma conclusão mais oficial dos factos.

Rita Lopes

Sobre o autor

Leave a Reply