P – Vai iniciar o seu sexto mandato. Ainda tem motivos para continuar a ser o presidente da Câmara de Trancoso?
R – Se me apresentei às eleições é porque havia não só bastante motivação, como um projecto ambicioso para Trancoso.
P – Quais as prioridades desse projecto?
R – Têm a ver com a construção do IP2 até Trancoso, em perfil de auto-estrada, e da variante Sul e Norte à cidade. Do ponto de vista dos equipamentos, pretendemos realizar a intervenção no âmbito das Aldeias Históricas, no centro histórico; a construção de três núcleos museológicos – um no castelo, que será um miradouro virtual, outro temático no antigo posto da GNR e mais um no campo da batalha de Trancoso. Iremos fazer a reabilitação dos Paços de Concelho, construir os centros culturais de Vila Franca das Naves e Freches, bem como um fórum comercial no mercado municipal. Teremos novas dinâmicas do ponto de vista social, na atractividade de Trancoso, no fluxo turístico, no reordenamento comercial e na cultura e desporto. Este é um mandato que se prevê ainda mais realizador. O nosso programa de apoio ao investimento vai continuar a permitir fixar pequenas e médias empresas com alguma solidez para que criem postos de trabalho. Tudo para cimentar os indicadores do Instituto Nacional Estatística de 2003, que nos colocam a seguir à Guarda como o concelho com maior número de empresas, de facturação e poder de compra.
P – É um mandato que tenciona levar até ao fim?
R – Sim. Não tinha sentido apresentar uma candidatura que fosse uma farsa.
P – Não acha que é excessivo estar tanto tempo à frente de uma autarquia?
R – É preciso separar as partes. Sempre fui favorável há limitação dos prazos para cargos políticos, mas é uma questão que não deve ser imputada aos autarcas, nem às autarquias. A responsabilidade de legislar em Portugal é do Governo e da Assembleia da República, os autarcas limitam-se a cumprir a lei.
P – Esta longevidade na autarquia já lhe garantiu uma reforma, de cerca de 2500 euros. Vai recebê-la por completo ou vai preferir o vencimento de presidente de Câmara?
R – Vou receber o vencimento de presidente de Câmara.
P – Está nos seus planos não voltar a ser candidato?
R – É evidente que não voltarei a ser candidato a Trancoso. O PSD local tem de encontrar alternativas e elas existem. Trancoso é o concelho que tem sido mais fiel ao PSD e isso tem a ver com a nossa convivência democrática, a nossa concepção de cidadania, a forma consensual como implementamos as políticas e um discurso de respeito, civismo e coerência de princípios e valores.
P – Essa decisão é definitiva, ou pode mudar consoante as circunstâncias?
R – Espero que não mude e seja definitiva.
P – Aspira a novos protagonismos na politica distrital?
R – Não, mas tenho toda a disponibilidade para contribuir para a necessária renovação da liderança distrital, que me parece definitivamente posta em causa na pessoa da actual presidente da distrital. Do meu ponto de vista, não pode representar os valores do PSD, nem a postura que o partido quer como referência dos princípios sociais-democráticos em Portugal. A derrota de Ana Manso é pessoal, mais que política, pois esta era uma boa oportunidade para derrotar o PS na Guarda. E afecta sobretudo Ana Manso e não tanto outros elementos da lista. Contudo, entendo que a presidente da distrital deve levar o mandato até ao final, porque os resultados distritais, com excepção da perca das Câmaras de Foz Côa e de Celorico da Beira, foram bons. Neste último caso, considero que seguiu uma estratégia suicida e não representou a melhor maneira de valorizar o potencial social-democrata, cedendo a tentações que em política não se devem registar. Mas acredito que nas próximas eleições irá ser diferente e espero contribuir positivamente, não em protagonismo, mas como militante da distrital para que o PSD se regenere e seja uma alternativa credível, para além de ajudar a encontrar um novo rumo.
P – Qual é o protagonismo que pode vir a ter?
R – Será o de integrar qualquer um dos órgãos candidatos a uma nova liderança da distrital.