Quando, há meses, foram conhecidos os primeiros dois candidatos disse para os meus botões: “Votas em branco”.
Depois surgiu Joaquim Canotilho e eu fiquei todo satisfeito.
No preciso lugar em que o meu diuturno amigo José Bolota tem a sua loja, debaixo dos Balcões, a poente, na Praça Velha, o avô materno do candidato pelo CDS tinha uma vulcanização. E eu, pela mão do Pai, aí ia quando se tratava de arranjar os pneus da Chevrolet. Ia todo contente e vinha ainda mais, pois aquele mundo negro da borracha e do calor era um fascínio para mim.
Anos mais tarde, quando se tratava de fazer os mercados da Raia, Soito ou Alfaiates, v.g., em férias, o Pai levava-me. Aí conheci o avô paterno que também ia a esses mercados, com a sua Chevrolet, a vender panos e fazendas.
O Pai e o avô eram amigos que se tratavam com mútuo respeito e, às vezes, à hora de comer, abancavam.
Quando Joaquim Canotilho fala do – e manifesta; e deixa irretorquivelmente claro – seu amor pela Guarda, não o enuncia a modo de “slogan”, que os que sabem, sabem que não tem substância.
De facto, Canotilho di-lo com fundo sentimento: «O que quero é que os meus filhos, acabados os seus cursos, aqui fiquem. Já viu a quantidade de pessoas que nunca mais volta!? A cidade e a região não podem esvaziar-se e queremos cá a qualidade».
A Política como genuína emanação do Amor. A Espiritualidade para além das ideologias e do Imanente imediato.
Doutro modo: é que a Canotilho ninguém pode acusar de andar atrás de “tachos”, oportunismos ou “poleiro”. Podem e devem, isso sim, é louvá-lo.
O mundo é, evidentemente, perigoso. Mas seria importante que o tão decantado mundo académico se desse conta do seguinte: ele próprio é, em muitos casos, o grande fautor de desgraças (penso, v.g. e tão-só nos EEUU); todos os problemas humanos são espirituais.
Ignoro qual a formação de Canotilho, se tem mesmo uma explícita consciência de tudo isto. O facto, porém, é que é uma emanação do melhor – e o afirma com toda a energia.
Nos debates, na Rádio Altitude, provou-o de tal modo que os próprios adversários o reconhecem e… têm que reconhecer. “Contra factos…”. Pois pode lá aceitar-se que a Câmara se tenha endividado até onde se endividou? – Uma preocupação.
Quanto aos seus cartazes nada têm que ver com todos os outros. Não precisou de se aperaltar para a fotografia, pois lhe bastou dizer-nos: vamos trabalhar em conjunto, solidariamente, somos todos da Guarda.
Está em mangas de camisa, com uma arregaçada, um rosto optimista e contagiante. Pode também dizer-se que há alguma matreirice no seu rosto. Sucede é que, primeiro é comerciante; por fim – mas não o menor – a astúcia é importantíssima na vida e, por maioria de razão, na Política. Quem é agora tão pateta que cuide que vive num mundo de Pureza?
Os cristãos das catacumbas tinham – em absoluto – visualizado a Vitória – porque tinham Fé. A Canotilho também não falta fé – e afirma-o. Atitude perfeita num partido democrata-cristão.
Sinto-me exaltado com uma postura assim.
P.S.: O P”S” teve coragem para recandidatar a Presidente da Junta de Panóias, quem recandidata!? Sente-se bem a dar tiros nos próprios pés?
P.P.S.: Reitero, em absoluto, o que no transacto Fevereiro aqui escrevi sobre a família Crespo de Carvalho – e, em particular, sobre o africanista Eng. Manuel Crespo de Carvalho. “Infelizmente no melhor pano cai a nódoa”.
2-X-05
Por: J. A. Alves Ambrósio