Os munícipes da Guarda que possuem uma horta ou um jardim podem, a partir de agora, dar um destino diferente aos restos orgânicos que produzem em casa. Com o projecto “Compostagem Doméstica”, lançado no final da semana passada, a Câmara da Guarda pretende sensibilizar as pessoas para a necessidade de tratarem os materiais orgânicos, em vez de os deitarem no lixo, evitando assim o desperdício de um valioso recurso que, adicionado ao solo, proporcionará plantas saudáveis e colheitas abundantes. Para impulsionar o processo, a autarquia guardense entregou 12 compostores domésticos, essencialmente, a professores.
A compostagem é o processo de decomposição e fermentação aeróbea de resíduos de origem vegetal, animal e mineral por uma enorme e diversificada população de microrganismos num ambiente húmido, quente e arejado. Ludovina Margarido, coordenadora do Espaço Educativo Florestal – Quinta da Maúnça, local onde já se faz a compostagem há algum tempo, explica que «a maior parte dos resíduos que produzimos em casa é de matéria orgânica» e, por outro lado, para os outros materiais «já existem alternativas», constata. Em relação à matéria orgânica «ainda não havia resposta» e então surgiu a aposta na compostagem doméstica, com a vantagem de estarem a reutilizar bidões, cujo destino era ficarem abandonados num qualquer lugar. «A ideia foi aproveitar esses contentores, transformá-los e por as pessoas a fazer compostagem doméstica porque quem tem uma horta ou um jardim sente necessidade de alimentar as suas plantas. O adubo não é uma alternativa saudável. Por isso, a compostagem é a resposta ideal e fica grátis», realça. De resto, o processo da compostagem é «facílimo», basta ir alternando as camadas de materiais verdes, aqueles que têm mais humidade, com os castanhos, os mais secos. Exemplos dos primeiros são cascas de batata e de frutas, legumes, borras de café, restos de pão, arroz e massa, cereais ou aparas de relva, entre outros. Já entre os materiais castanhos encontram-se aparas de madeira, serradura e erva seca, feno, palha, folhas secas, ramos pequenos, para além de pequenas quantidades de cinzas e de madeira. Em suma, «pode-se por quase tudo num compostor, à excepção dos restos de comida cozinhados porque depois cheiram mal e atraem cães e gatos», bem como os «dejectos de animais» porque podem conter microrganismos patogénicos que podem sobreviver à compostagem. Depois de “seleccionados”, os materiais orgânicos são então colocados em camadas dentro do compostor, sendo que o período de compostagem varia consoante a «temperatura ambiente e o local».
De preferência, o compostor deve ser colocado directamente em contacto com a terra e não numa superfície impermeabilizada, já que para além de possibilitar a drenagem da água, facilita a entrada de microrganismos. O processo de compostagem é «mais moroso no inverno», entre quatro a cinco meses, ao contrário do verão, onde «cerca de 2 meses» são suficientes, indica Ludovina Margarido. Até ao momento, os mais interessados são os professores que costumam ir à Quinta com os miúdos e que constituem o «melhor veículo para transmitir a mensagem», daí terem sido os docentes que, inicialmente, foram brindados com a entrega dos compostores que são inteiramente gratuitos. «A partir desta fase quem estiver interessado basta vir levantá-los aqui ou então telefonar e se a pessoa não tiver condições para o transportar, porque ainda é um objecto volumoso, ficamos com o endereço e depois ser-lhe-à entregue, sem custos nenhuns», adianta. Também para a Câmara, os custos são «mínimos», já que apenas tem que “transformar” os bidões em compostores, podendo poupar deste modo bastante dinheiro. É que, «por cada 100 combustores que a Câmara consiga distribuir poupará em média 12 mil euros por ano», sublinha.
Ricardo Cordeiro