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Paroquianos contestam mudanças de D. Manuel

Bispo Coadjutor “cercado” na Vermiosa e alvo de vigília nocturna no Paço Episcopal

Os protestos populares contra a transferência de padres decretada por D. Manuel Felício, Bispo Coadjutor da Guarda, subiram de tom no último domingo na Vermiosa, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. A GNR teve que ser chamada ao local para acalmar os ânimos de dezenas de habitantes das localidades de Mata de Lobos, Almofala, Escarigo e Vermiosa que ali acorreram quando souberam que o prelado estava a presidir às cerimónias religiosas. O seu descontentamento pela saída do padre José Joaquim Martins, que ali exercia há cerca de nove anos, fez-se ouvir nas imediações da igreja até à intervenção dos guardas.

A manifestação da Vermiosa contrastou sobremaneira com a vigília nocturna promovida pelos habitantes de Gonçalo, a única vila do concelho, frente ao Paço Episcopal na passada quinta-feira. O descontentamento é o mesmo, mas aqui os paroquianos acederam velas e rezaram pela permanência do seu pároco. Em silêncio absoluto, mas determinados, cerca de duas centenas de gonçalenses marcaram presença contra a transferência de José Brito Martins para a paróquia de Arcozelo da Serra, no concelho de Gouveia. As bandeiras e as palavras de ordem ficaram em casa neste protesto inédito, em que as velas e algumas preces foram os recursos para apelar a D. Manuel Felício que volte atrás na nomeação.

Um pedido reiterado numa carta subscrita por centenas de assinaturas, enviada poucos dias antes ao prelado, onde os gonçalenses sustentam que o padre José Brito Martins é o «homem certo, no lugar certo». O documento, até agora a única tomada de posição pública oficial – uma vez que os promotores do protesto, com destaque para o presidente da Junta e actual adjunto da Governadora Civil da Guarda, e os populares não querem por enquanto prestar declarações -, afirma que a população não quer perder um «bem precioso» e está a viver um «sentimento de perda» desde que a transferência foi anunciada. «Perda de um homem que, pese embora esteja entre nós há pouco tempo, é já considerado um dos nossos», esclarece o abaixo-assinado. E acrescenta que a decisão de D. Manuel vem interromper «um novo caminho que começava a ser trilhado, o caminho certo e à nossa medida», pois toda a população «se habituou à sua palavra amiga, preocupada, e às suas soluções, sempre justas e ponderadas». Os gonçalenses reclamam por isso a permanência do pároco, mas prometem também tomar outras medidas «mais drásticas» se o Bispo Coadjutor permanecer irredutível.

No entanto, esta não é a única contestação às mudanças anunciadas por D. Manuel, que recusa falar no assunto, no final de Agosto. Tudo porque há cada vez menos padres e muitas paróquias numa das mais extensas dioceses do país. Também os fiéis da Nave e Alfaiates, no concelho do Sabugal, já fizeram chegar dois abaixo-assinados à sede da diocese reclamando das mudanças dos seus padres. A iniciativa foi despoletada pela Junta da Nave, mas contou com o apoio de outras freguesias vizinhas. Inversamente, a população da Bendada, também naquele concelho, ficou incrédula quando soube da permanência do padre Manuel Janela, um pároco muito contestado há quase uma década. E também está disposta a vir à Guarda pedir satisfações. É que os paroquianos já se manifestaram por diversas vezes contra a sua continuidade e até chegaram a realizar duas missas aos domingos, mas não há forma de Manuel Janela ser transferido. O diferendo já deu origem a agressões e processos em tribunal, numa aldeia que continua dividida por causa do padre.

Luis Martins

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