P – Quais as expectativas da Escola Profissional de Trancoso (EPT) para o próximo ano letivo?
R – No próximo ano letivo desejamos reaver a normalidade de trabalho pré-pandemia. Queremos regressar ao ensino presencial pleno e ininterrupto, contudo incorporando nas nossas práticas aquilo que de positivo esta experiência também arrastou consigo. Portanto, em suma, temos a expectativa de prosseguirmos o trabalho que tem vindo a ser feito, um trabalho que garante uma formação integral dos jovens, que conjuga competências e conhecimentos, e que nos valeu o oitavo lugar a nível nacional no ranking das 681 escolas que, por todo o país, ministram cursos profissionais, publicado este ano pelo jornal “Expresso”.
P – De que forma pretendem atrair mais estudantes para a escola?
R – Pretendemos continuar a ser atrativos pela qualidade da nossa formação num ambiente em que alunos, professores e funcionários se sintam realizados. A formação de excelência é a única estratégia de atração consistente. Queremos que os alunos aprendam muito na EPT e se sintam aqui felizes. Queremos que alcancem os seus objetivos, passem eles pelo ingresso no ensino superior ou pela entrada no mundo laboral. Com esta estratégia, nos últimos anos, a escola cresceu mais de uma centena de alunos. Em 2013/2014 a EPT funcionava com nove turmas. Em 2021/2022, ao que tudo indica, o ano letivo vai arrancar com 14. Em termos geográficos, a EPT tem alunos de cerca de 30 concelhos e nos últimos anos tem mesmo conseguido atrair alunos de locais mais distantes como Peso da Régua, Oliveira do Hospital, Nelas, Miranda do Douro ou Castelo Branco. Queremos cada vez mais afirmar-nos como uma escola profissional de referência a nível nacional.
P – Qual é a oferta formativa disponível para o próximo ano letivo?
R – A EPT tem apostado na continuidade e na melhoria contínua de cursos que estão, digamos assim, no ADN da escola. No que concerne à área dos serviços, a escola terá em funcionamento os cursos de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade; Comercial e Animador Sociocultural. Na área das tecnologias, os cursos de Gestão de Equipamentos Informáticos, Mecatrónica Automóvel, Instalador de Sistemas Solares Fotovoltaicos (tão necessário para a indispensável transição energética).
P – Qual o curso da EPT com mais adesão?
R – O curso com mais adesão tem sido, nos últimos anos, o de Técnico de Mecatrónica Automóvel. Há gente de muitos pontos do país que se desloca para Trancoso para estudar Mecatrónica, um curso que, a partir deste ano, contará já com módulos referentes à tecnologia utilizada nos veículos híbridos e elétricos. Queremos manter este curso atrativo, mas sem ignorar que o sector automóvel vai sofrer tremendas transformações nas próximas décadas. Os nossos alunos têm de estar preparados para serem os agentes de mudança que o mundo urgentemente precisa.
P – Como vê o futuro do ensino profissional?
R – O ensino profissional tem futuro, assim como o ensino científico-humanístico. As sociedades precisam destas duas tipologias e quanto mais elas souberem complementar‑se, melhor para todos. A este respeito, as relações de cooperação entre a EPT e o Agrupamento de Escolas de Trancoso, que ministra o ensino secundário científico-humanístico no concelho, têm sido um bom exemplo de como projetos diferentes podem fortalecer-se mutuamente. Todavia, acredito que as metodologias utilizadas no ensino profissional – por natureza mais prático, mais ligado às empresas e instituições, e com maior equilíbrio entre a aquisição de conhecimentos e competências – são as que melhor se adequam a uma grande parte dos jovens dos nossos tempos. Há países europeus com economias muito desenvolvidas nos quais cerca de 70 por cento dos jovens fazem os seus estudos de nível secundário frequentando vias profissionalizantes. Em Portugal, esse será o caminho. Para já a meta nacional será atingir os 50 por cento de jovens matriculados no ensino profissional. Os alunos sairão a ganhar, a economia sairá a ganhar, a sociedade sairá a ganhar.