O projeto do porto seco ainda não saiu do papel, mas já está a preocupar os moradores dos bairros residenciais da zona Estação da Guarda. Na segunda-feira, Albino Bárbara, um dos moradores, foi à reunião de Câmara dar conta dos «receios» suscitados pelo “layout” do projeto preliminar e pelas características do empreendimento previsto para as imediações da estação de caminhos de ferro.
No período aberto à participação do público, o residente alertou que o projeto, «seja porto seco ou terminal ferroviário», prejudica «gravemente» a qualidade de vida das populações, nomeadamente da Sequeira, Bairro Nª Sra. Fátima, Bairro de Stº António e por aí adiante, quem está do lado de lá da linha». A circulação de camiões pesados nos bairros em causa, o funcionamento contínuo do porto seco e o aparcamento de contentores são as principais queixas apresentadas por Albino Bárbara, que também se disse preocupado com a possibilidade dos contentores poderem vir a estar «ao nível dos telhados das casas» da vizinhança devido à necessidade de altear o terreno. «Há ainda outra situação, porque esta área é um dos miniecossistemas privilegiados da cidade, onde existe uma linha de água extremamente importante e que vai desaguar no rio Diz», acrescentou aos jornalistas no final da sua intervenção.
Por tudo isso, o munícipe apelou a que não «se prejudique» a população e sugeriu que o município reúna com os moradores: «A Câmara tem que dar uma palavra, aproveitemos esta fase preliminar para fazer a discussão necessária porque ninguém está contra o projeto, nós somos parte da solução, nunca seremos nem levantaremos qualquer tipo de problema», garantiu, receando, contudo, que o projeto do porto seco esteja «no segredo dos deuses». De resto, Albino Bárbara considerou haver «dois ou três locais» alternativos, um deles nos Galegos, «onde não mora ninguém» e há «mais de 10 hectares», e que dista cerca de 1,5 quilómetros da estação. Estas preocupações foram partilhadas por Sérgio Costa, com o vereador sem pelouros a declarar que é preciso «ficarmos todos bem atentos porque não podemos estar à espera que seja feito o projeto, o estudo de impacto ambiental e acústico para depois ver se passa». E acrescentou: «Temos que saber antecipar os problemas e tentar corrigir o mais rapidamente possível a situação porque há certamente outras alternativas».
Por sua vez, Carlos Chaves Monteiro Chaves começou por dizer que desconhece o “layout” apresentado por Albino Bárbara e recordou que o PDM, datado de 1994, tem prevista uma zona de expansão do nó ferroviário da Guarda e que houve habitações construídas entretanto nas imediações. Mas tranquilizou os moradores: «Quando tivermos toda a definição clara do que é a primeira fase do projeto que irá ser desenvolvida frente à estação, num espaço que já existe, o que posso garantir é que nada se fará sem ouvir as populações se ali for o local onde o projeto vai ser desenvolvido», afirmou. O presidente da Câmara acrescentou que será sempre da «compatibilização dos interesses dos moradores, dos investidores e do meio ambiente» que resultará uma «boa decisão não só técnico-administrativa, como também política».
Sérgio Costa denuncia obras em curso sem adjudicação
Na segunda-feira, Sérgio Costa lançou suspeitas sobre obras a decorrer sem concurso público ou adjudicação por parte da autarquia. Em causa estava a proposta de adjudicação da requalificação de arruamentos e caminhos rurais nalgumas freguesias, num investimento de cerca de 700 mil euros.
«Seguindo as leis da contratação pública, o início dos trabalhos nunca poderia ocorrer antes de meados de agosto ou setembro, devido ao período de férias das empresas. Mas pasme-se que, ao passar em Casal de Cinza e Vila Mendo, constatei que o que está a ser proposto adjudicar já está a ser executado», alertou o agora independente, que não votou este ponto da ordem de trabalhos. «Há pressa em executar esta obra. Mais parece ser uma corrida de caça ao voto e promessas feitas a algumas listas nas freguesias que podem fugir por entre os dedos», denunciou Sérgio Costa, recusando, no entanto, denunciar o caso à justiça. «Quem quiser que o faça, estas minhas declarações são públicas», afirmou a O INTERIOR.
Sobre este caso, Carlos Chaves Monteiro admitiu que a obra está em curso em Casal de Cinza e que vai «avaliar e estudar se existe alguma situação anómala para se corrigir», tendo acrescentado que a Câmara cumpre sempre as regras contratuais. «Tenho que avaliar se o procedimento dá cobertura à obra que está a acontecer, como tem sido regra, pelo menos este ano», declarou o autarca.