Sociedade

Vacas jarmelistas em expansão pelo país

Vacas
Escrito por Efigénia Marques

Preservação desta raça autóctone está a ser conseguida e tem cada vez mais adeptos em diferentes zonas de Portugal sobretudo devido
à qualidade da carne

Regressou no último domingo a Feira Concurso do Jarmelo após dois anos de interrupção por causa da pandemia da Covid-19. O evento serviu, mais uma vez, para promover o mundo rural daquela zona do concelho da Guarda e premiar os melhores exemplares de vacas e cabras desta raça autóctone.
A 38ª edição do certame incluiu o 12º Concurso Bovino da Raça Jarmelista, uma mostra de animais, a degustação de pratos de vitela jarmelista, a feira anual, tasquinhas, visitas encenadas ao castro do Jarmelo, artesanato, animação e uma garraiada ao final da tarde. Este ano participaram 17 criadores da vaca jarmelista e no total haverá em Portugal 23 produtores certificados. «Já temos produtores espalhados pelo país inteiro e conseguimos convencer muitas pessoas a ser adeptas desta raça», afirmou Paulo Poço, secretário técnico da ACRIGUARDA – Associação de Criadores de Ruminantes da Guarda, que organiza a feira com o apoio da autarquia e das freguesias locais.
O responsável adiantou a O INTERIOR que «existe uma produtora que neste momento já tem 14 animais em Meãs, numa zona entre Montemor e Coimbra, e está com vontade de expandir esta raça porque é uma adepta da jarmelista. Temos também um produtor em Penamacor e outras solicitações no resto do país, só que o passo seguinte ainda não foi dado devido ao constrangimento ao nível das ajudas comunitárias, que ficaram à espera do novo quadro». Paulo Poço refere que «há dois anos conseguimos que houvesse um desbloqueio para novas candidaturas às medidas agroambientais com as raças autóctones e aumentámos o número de produtores. Felizmente, esperamos que exista essa continuidade e que o novo quadro comunitário venha contemplar, outra vez, novos produtores para que efetivamente tragam uma mais-valia não só para os criadores, como também para toda a região».
Neste momento existem entre 400 a 450 animais, dos quais 300 são reprodutores e o objetivo da ACRIGUARDA é a «preservação da raça que estamos a conseguir alcançar porque começámos com 32 animais», recordou. Paulo Poço destaca que o objetivo é «ter animais em número suficiente para que as pessoas possam degustar a carne jarmelista, porque é uma carne diferenciada das outras» e cabe aos produtores «definir o tipo de animais que querem abater de maneira a que não se prejudique ninguém e, efetivamente, chegue à mesa do consumidor uma carne de excelente qualidade».
O secretário técnico da ACRIGUARDA considera que a comercialização da carne jarmelista deve obedecer a «um conceito de carcaça, meia carcaça, carcaça inteira, pelo que os restaurantes não podem confecionar apenas alcatra, ou costeletas». Lança, por isso, um desafio aos chefes dos restaurantes da região para que «reinventem novas receitas porque posta, nacos, costeletas, comemos em qualquer restaurante. Nós temos é que dar a provar outras peças de carne excelentes». Na sua opinião, «não há carne de segunda nem de primeira. A carne jarmelista é toda muito idêntica e, portanto, se for bem trabalhada, qualquer carne é ótima. Se todos os restaurantes só consumirem alcatra o número de animais a abater para sustentar este tipo de situações é demasiado elevado. Sugiro que consumam a carcaça inteira ou as meias carcaças, de maneira a que haja um total aproveitamento do produto»
A feira do Jarmelo, que integra o ciclo de Festivais de Cultura Popular da Guarda, foi organizada pelas freguesias de São Miguel e São Pedro, a Associação Cultural e Desportiva do Jarmelo e a ACRIGUARDA – Associação de Criadores de Ruminantes da Guarda, com o apoio do município.

Sobre o autor

Efigénia Marques

Leave a Reply