Sociedade

ULS da Guarda sem vagas para especialidades carenciadas

Escrito por Luís Martins

Ordem dos Médicos acusa ministra da Saúde de querer contribuir para o encerramento do Hospital Sousa Martins e pede «medidas urgentes para travar o colapso» da unidade

A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos considera uma «irresponsabilidade reiterada» do Ministério da Saúde a não atribuição de qualquer vaga nas especialidades mais carenciadas da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda no mais recente concurso para assistente hospitalar.
«É incompreensível o atual mapa de vagas para o Hospital Sousa Martins, na Guarda, pois estamos perante áreas hospitalares já bastante penalizadas nesta região do interior», lamenta o presidente da secção regional em comunicado divulgado na sexta-feira. Para Carlos Cortes, esta unidade de saúde e a região «enfrentam dificuldades com especial complexidade, pelo que é urgente autorizar a contratação de médicos para estas áreas carenciadas». As especialidades em causa são Anestesiologia, Anatomia Patológica, Gastrenterologia, Medicina Interna, Neurologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Patologia Clínica, Pneumologia, Psiquiatria e Radiologia. «A grave carência de recursos humanos no Hospital Sousa Martins pode, a curto prazo, colocar em causa a qualidade dos serviços de saúde prestados, bem como a resposta nalgumas valências fundamentais», alerta o dirigente.
A Ordem lembra que no mais recente procedimento concursal para médicos recém-especialistas, das 57 vagas para a região Centro apenas seis são atribuídas à ULS da Guarda em Cardiologia (1), Cirurgia Geral (1), Ginecologia/Obstetrícia (1), Ortopedia (1), Pediatria (1), Saúde Pública (1). «Afinal, o que quer a ministra da Saúde para o Hospital da Guarda? Quer continuar a manter em funcionamento esta indispensável instituição ou contribuir para o seu encerramento?», interpela Carlos Cortes. O responsável acusa a tutela de estar «a contribuir para a agonia do Serviço Nacional de Saúde no interior do país e a condicionar a assistência aos utentes», pelo que reclama «medidas urgentes» para solucionar as necessidades de recursos humanos e meios financeiros da ULS da Guarda e «travar o colapso desta unidade».
A Distrital do CDS-PP já reagiu a este alerta ao considerar que as vagas atribuídas «não são suficientes para cobrir as necessidades em Cardiologia, Ortopedia e Cirurgia e deixam de fora outras especialidades deficitárias, caso de Oftalmologia, Gastroenterologia e Radiologia, para além de impedir que os médicos que terminaram aqui a sua especialidade em Medicina Interna e Psiquiatria continuem no Hospital Sousa Martins, como era sua vontade». Em comunicado, os centristas receiam que, perante o «manifesto desinteresse» do Governo por quem vive no distrito, «não haja futuro para o Hospital Sousa Martins e que esteja em curso o seu esvaziamento em nome de interesses que não são os legítimos interesses dos utentes». A estrutura liderada por Henrique Monteiro considera «urgente» a vinda da ministra Marta Temido à Guarda para conhecer os problemas da ULS e anuncia que o grupo parlamentar na Assembleia da República irá questionar o Ministério da Saúde sobre «mais esta afronta ao distrito da Guarda».

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Luís Martins

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