Sociedade

Tribunal julga condutor que atropelou mortalmente duas mulheres na Guarda

Escrito por Luís Martins

Arguido está acusado de dois crimes de homicídio por negligência grosseira e de um crime de condução perigosa agravado pelo resultado

O condutor de 30 anos que atropelou mortalmente duas mulheres na Guarda, em janeiro, começou a ser julgado no tribunal da cidade pelos crimes de homicídio por negligência grosseira e de um crime de condução perigosa agravado pelo resultado. As famílias das vítimas pedem uma indemnização cível no valor global de 210 mil euros.
Cacilda Fernandes e Maria Dulce Pinto, com 71 e 78 anos, regressavam a casa depois de terem assistido à inauguração da casa mortuária da Póvoa do Mileu quando foram colhidas no passeio da Rua Cidade de Bejar pelo automobilista. O acidente ocorreu na tarde do dia 21 de janeiro, na curva entre um posto de combustível e o jardim dos Castelo Velhos. Segundo a acusação, na altura do acidente o arguido conduzia com uma taxa crime de 0,96 gramas por litro de sangue e circulava, «pelo menos, a 90,04 quilómetros por hora» numa zona urbana, onde o limite é de 50 km/hora. O Ministério Público sustenta também que o veículo em que seguia, um BMW, «vinha em despique com um amigo que conduzia um quadriciclo», quando entrou em despiste atropelando mortalmente as duas mulheres. O documento acrescenta ainda que o piso «encontrava-se, na altura, seco e limpo e em bom estado de conservação».
Na primeira sessão do julgamento, realizada na passada sexta-feira, o arguido Aires Saraiva declarou que não bebe habitualmente, mas admitiu que «naquele dia bebeu socialmente, num almoço com amigos, mais do que pretendia». O motorista de pesados acrescentou que circularia acima do limite permitido, mas «talvez a 70 ou 75 quilómetros por hora», e que entrou em despiste após ter sido «surpreendido por uma tampa de saneamento» saliente na via. «Já não consegui segurar o carro», contou o arguido, que pediu desculpa aos familiares das vítimas. Aos jornalistas, o seu advogado, José Martins Igreja, disse que o arguido tem «passado muito mal com esta situação» e que a sua família está «ao lado da família» das vítimas. «Estamos cá para ajudar a fazer justiça», acrescentou.
O defensor recordou que o acidente ocorreu «numa curva que é um ponto negro da Guarda e ninguém dá conta», referindo que «já houve mais de 30 acidentes» naquele local. Nesta primeira sessão foram também ouvidas pelo coletivo de juízes várias testemunhas, incluindo algumas pessoas que assistiram ao despiste. O julgamento prossegue no dia 28.

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Luís Martins

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