Sociedade

Suspenso plano de saneamento financeiro da Câmara da Guarda

Escrito por Luís Martins

A Câmara da Guarda aprovou na segunda-feira, por maioria com o voto contra do PSD, a suspensão da aplicação do plano de saneamento financeiro do município com efeitos retroativos a 1 de janeiro deste ano.

O tema voltou a fazer divergir Sérgio Costa e Chaves Monteiro. O presidente considerou que esta deliberação já deveria ter sido tomada há muito. «Neste momento, e tendo em conta os rácios com que estamos, no primeiro semestre de 2022 a dívida total é 0,48 vezes a média da receita corrente líquida cobrada nos últimos três exercícios, apresentando uma margem de 35 milhões de euros, cumprindo desta forma o estipulado na lei do endividamento. Por tudo isto, as medidas de saneamento financeiro apresentadas em 2014 estão desajustadas com a atual realidade do município da Guarda e não se justifica continuarmos com esta medida ativa», afirmou o edil.

Opinião diferente assumiu o social-democrata, que se disse «surpreendido» com a fundamentação proposta apresentada pela maioria. «Há documentos na Câmara que demonstram claramente que o município entrou em equilíbrio financeiro em 2015, pelo que a suspensão já poderia ter sido requerida antes. Não fizemos porque mantivemos sempre uma monitorização interna para aferir a evolução da situação financeira do município», sublinhou Chaves Monteiro. O vereador acusou ainda a atual maioria de «misturar “alhos com bugalhos”», por ter incluído o plano de saneamento financeiro que permitiu pagar dívida a fornecedores de curto prazo dos anos de 2008 a 2013, de 12 milhões de euros, através de empréstimo bancário, e a contração, em 2016, de um empréstimo bancário para amortização antecipada de quatro empréstimos de médio e longo prazo.

«Esta mistura revela o desconhecimento total da vida financeira da Câmara. O que é preocupante é que não há chefe de divisão financeira e falta visão lógica, racional e legal da gestão da autarquia», criticou o eleito do PSD. A suspensão da aplicação do plano de saneamento financeiro do município vai ser submetida à próxima Assembleia Municipal.

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Luís Martins

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