Sociedade

Sodecia amplia fábrica e cria mais de 200 postos de trabalho na Guarda

Escrito por Jornal O INTERIOR

Câmara da Guarda vai adquirir três terrenos contíguos ao parque industrial para viabilizar projeto da multinacional de componentes para automóveis

A Câmara da Guarda vai ampliar o parque industrial da cidade e deliberou adquirir três terrenos contíguos, um deles o antigo campo de futebol do Mileu, por um valor total de 350 mil euros. O objetivo é «permitir a instalação de novas empresas ou a ampliação das já existentes», justificou o presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro, sem adiantar mais pormenores.

No entanto, O INTERIOR sabe que o espaço destina-se à instalação do centro de investigação e desenvolvimento do grupo Sodecia, que terá de ficar pronto em abril de 2022, bem como à criação de uma nova linha de produção para um projeto da Volkswagen. Dois projetos que a fábrica de componentes para automóveis da Guarda disputou com outras cidades do México, China e República Checa. Esta ampliação permitirá criar mais de 200 novos postos de trabalho. O assunto tinha tudo para ser consensual não fosse a compra do Campo António dos Santos por 120 mil euros, mais 80 mil euros que o valor pago por um empresário de Pombal numa hasta pública em 2015.

Os vereadores do PS votaram contra e acusaram o autarca social-democrata de ser um «promotor da especulação imobiliária» e de concorrer com as empresas da cidade na aquisição dos terrenos que querem comprar. Além disso, Cristina Correia fez as contas e concluiu que em cinco anos aquela área, cerca de 12,644 metros quadrados, «valorizou 200 por cento». A vereadora da oposição corrigiu também o valor a pagar pela Câmara, que será de 321.990 euros «e não os 352 mil indicados na proposta». Lapso à parte, a socialista critica a autarquia por «andar em “negociatas” de terrenos quando devia estar a planear uma estratégia com uma nova área de desenvolvimento e de transformação digital da economia da Guarda». E perguntou onde está a incubadora de empresas “start-up” prometida por Álvaro Amaro em 2013 e 2017.

Já Sérgio Costa, vereador do PSD sem pelouros, alertou para a eventual necessidade da proposta dever ser submetida ao Tribunal de Contas e estranhou o facto das plantas não identificarem os limites de cada terreno. O eleito sublinhou também que o valor que o município vai pagar pelo campo de futebol «não é coincidente» com o valor do relatório de avaliação, sendo ainda necessário alterar o PDM para que o mesmo possa ter uso industrial. «Não é apresentado o verdadeiro objetivo para a compra destes terrenos e não de outros envolventes ao parque industrial, com melhores acessibilidades, fundamentais para o desenvolvimento económico do concelho, possíveis de adquirir neste momento por custos bem mais reduzidos, dada a sua classificação atual como simples solos rurais, mas que fruto do Plano de Pormenor, podem e devem ser revistos», declarou Sérgio Costa, que se absteve.

No final da reunião, Carlos Chaves Monteiro declarou aos jornalistas, por videoconferência, que a alteração do PDM está em curso e que aquela é uma área a desafetar para novos usos. «Esperamos que esteja pronto até ao final do ano e permitir a ampliação do parque industrial», afirmou, acrescentando que o objetivo é «dar o destino que melhor se adequar àquele espaço». O edil recordou também que o município não ficou com o campo, na hasta pública de 2015, porque as Finanças «não deram preferência» a uma entidade pública. «A Câmara seguiu as regras e por um segundo não conseguiu adquirir o espaço por 50 mil euros. Contestámos junto da Autoridade Tributária, mas sem sucesso, e agora, seis anos depois, infelizmente, vamos pagar 120 mil euros», criticou. O autarca acrescentou que o proprietário aufere ainda uma renda de 5.000 euros por uma antena de telecomunicações, cujo contrato de arrendamento transitará após 2028 para o município.

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