Sociedade

Salvar a Rádio Altitude

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Escrito por Efigénia Marques

Sem surpresa, e como consequência de uma perseguição absurda iniciada há pouco mais de um ano, foram plantadas e partilhadas algumas notícias nocivas da boa imagem da Rádio Altitude (e no mesmo pacote também do Jornal O INTERIOR). O assunto será tratado no local próprio, como é óbvio. Porém, e por confiança e honestidade para com os nossos leitores, não posso deixar de tentar esclarecer e explicitar alguns pontos.
A Rádio Altitude (RA) iniciou emissões regulares em 29 de julho de 1948 (há 74 anos), na cidade da Guarda, e é a rádio local mais antiga de Portugal; no entanto, a primeira emissão da RA remonta ao ano de 1946, quando José Maria Pedrosa, doente internado no Sanatório Sousa Martins (que funcionou na Guarda entre 1907 e 1975), instalou o primeiro emissor interno. Em 21 de Outubro de 1947 o Diretor do Sanatório, o médico Dr. Ladislau Patrício, aprovou o regulamento da RA e assumiu a direção da rádio; desde então, e até à privatização em 2001, o Diretor da Rádio Altitude foi sempre o Diretor do Hospital da Guarda; a partir de 1953 a RA passou a funcionar à entrada da “Cerca do Sanatório”, hoje Parque da Saúde, num edifício designado de “edifício Rádio Altitude”. Em 2001, após um conturbado e muito concorrido concurso público nacional para a transmissão do alvará de radiodifusão da Rádio Altitude, a titularidade da estação foi atribuída à empresa Radialtitude – Sociedade de Comunicação da Guarda, Lda., atual proprietária, e a 22 de junho de 2011 foi celebrado o atual contrato de arrendamento, entre o Estado português e a Radialtitude-Sociedade de Comunicação da Guarda, Ldª. Por denúncia, junto da DGTF, fomos acusados de fazer obras indevidamente, quando substituímos umas telhas partidas, e desde então os ataques não têm parado.
O imóvel cedido à RA encontra-se no complexo do Ex-Sanatório Sousa Martins, o qual foi classificado de interesse público pelo despacho do Ministro da Cultura, de 21 de junho de 2004. Os demais imóveis da Cerca do Sanatório, classificados nesse despacho, encontram-se em ruínas – o “edifício Rádio Altitude” é o único que se mantém em boas condições, porque o cuidamos e o mantemos!
A RA foi também acusada de subarrendar as instalações a outras empresas, e em concreto ao Jornal O INTERIOR. Ora, isso não é verdade, mas o jornal é dos mesmos proprietários da RA e dá-se a coincidência de eu ser diretor do jornal e da rádio… estou aqui todos os dias das 8h30 da manhã às 20h30… é natural que haja sinergias, e não entendo como alguém pode ficar perturbado, com a colaboração que possa haver entre os dois órgãos de comunicação social. Salvo a enorme vontade de os denegrir, de os silenciar, de prejudicar e matar uma voz independente, plural e democrática. A estranha vontade de alguns, que tanto tentam fazer para matar a “nossa” Rádio Altitude não me espanta, mas deixa-me preocupado: silenciar a imprensa sempre foi vontade de ignaros e ditadores, a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão sempre tiveram os seus algozes e inimigos, mas aqui atacam da forma mais ignóbil, com a mentira e a ignominia, com a denúncia anónima com o objetivo de perdermos o foco e ocuparmos o tempo a responder às denúncias, quando nos devíamos centrar no nosso trabalho. Quem o faz, por maldade e doença, sabe que é assim que se leva uma empresa a claudicar e é perturbando o bom funcionamento que o trabalho editorial será prejudicado. Enquanto nos esforçamos por salvar a Rádio Altitude, e desde que houve mudança da direção da RA, a empresa Radialtitude foi confrontada com perseguição e assédio consubstanciado em denúncias da mais diversa índole, com o objetivo de causar danos e prejuízos à empresa e ao prestígio da Rádio Altitude: na DGTF, nas Finanças, na ERC, ANACOM, ANAC, ACT, ULS-Guarda, Comissão de Carteira Profissional de Jornalistas, etc. Houve durante este período vários atos de sabotagem com a destruição ou inutilização de instrumentos de emissão, com o corte de cabos elétricos, corte de feixe de emissão, destruição parcial de emissor, outros atentados e práticas da autoria, provável, do autor das denúncias. Apresentámos queixa «contra desconhecidos» por «crime contra a propriedade» junto das autoridades policias e de investigação pelos atos de sabotagem. O autor das denúncias, paranoico-obsessivo, será movido por um interesse que desconhecemos e por razões que a razão desconhece, utilizando todos os métodos e expedientes para denegrir o nosso trabalho e o nosso bom-nome – ao ponto de se divulgar que houve um perdão fiscal de uma suposta dívida de há 20 anos que nunca terá sido reclamada ou comunicada à empresa. Quem quer que a RA deixe de funcionar nesta casa emblemática pela qual paga renda ao Estado e que mantém como património de inigualável valor arquitetónico e artístico? A quem interessa a morte da RA?
Como sabe qualquer pessoa séria na Guarda, a Rádio Altitude faz sentido aqui, neste local onde foi fundada por doentes do antigo Sanatório, nesta casa onde está desde 1953, neste “museu vivo da rádio”, neste imóvel propriedade do Estado português a quem paga renda mensal (e a quem não deve nada – sim, é verdade que já deveu; quando aqui cheguei há um ano o Estado reclamava rendas atrasadas desde 2018, que entretanto pagámos, rendas e juros e, até por isso, não recebemos qualquer «ordem de despejo»), neste edifício que, quando a Rádio Altitude sair, ficará ao abandono, a cair, ocupado por ratos e podridão.
Algumas forças ocultas desejam isso, querem silenciar as vozes incómodas, querem denegrir o trabalho e a memória da rádio local mais antiga do país; querem dilacerar a história e o presente, por isso atuam de forma cobarde, às escondidas, com denúncias anónimas, junto de todas as instituições onde nos possam ferir ou incomodar. Prometemos que vamos continuar, singraremos em nome da liberdade. Contem com a Rádio Altitude, contem connosco.

Sobre o autor

Efigénia Marques

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