Sociedade

Reações à possibilidade de encerramento da urgência obstétrica e bloco de partos na Guarda

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Escrito por Efigénia Marques

Sérgio Costa: O presidente da Câmara da Guarda promete «marchar sobre Lisboa» se a Urgência Obstétrica do Hospital Sousa Martins fechar. O autarca pediu, entretanto, uma reunião com caráter de urgência ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, para esclarecer o assunto.
Sérgio Costa pediu também «bom senso» ao Governo e lembrou que o Estado está a investir mais de 8,5 milhões de euros na requalificação do Pavilhão 5 para acolher o Departamento da Saúde da Criança e da Mulher. «Seria lá possível fazer hoje este investimento para que amanhã seja deitado para o lixo alegadamente por um estudo cujo conteúdo efetivo ainda não se conhece na totalidade». O edil guardense sublinhou que «os 13 concelhos abrangidos pela ULS e os seus mais de 142 mil habitantes têm de merecer mais respeito» e apelou à mobilização de todos em defesa da maternidade.

PS da Guarda: A concelhia socialista «não alinha em vozearias, como o senhor presidente da Câmara», que criam «alarmismos sociais» no caso do eventual encerramento da Urgência Obstétrica e do bloco de partos do Hospital Sousa Martins.
Os socialistas consideram que, «por forma a manter a coesão territorial, é imperativa a permanência deste serviço que é, e será, uma das bandeiras para o nosso território no que respeita à inversão da tendência demográfica, que temos e queremos potenciar». A secção liderada por António Monteirinho, também deputado na Assembleia da República, recorda que o distrito da Guarda «só tem uma maternidade com urgência obstétrica e esta será para manter» e que «não faria, de todo, nenhum sentido» que concelhos como Vila Nova de Foz Côa, Seia ou Sabugal «deixassem de contar com um serviço de tal importância, acessível em menos de uma hora da sua área geográfica».
Os socialistas invocam também as obras em curso no Pavilhão 5, acrescentando que são «um compromisso do PS, tomado na pessoa do seu secretário-geral e primeiro-ministro, que o anunciou em plena campanha. Não faz sentido qualquer retrocesso em tal investimento».

Vítor Pereira: O presidente da Câmara da Covilhã diz ter «informação fidedigna» de que a Urgência de Obstetrícia do Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira (CHUCB), sediado na cidade, não está referenciada para encerrar e garantiu que estará ao lado da Guarda e Castelo Branco na defesa dos respetivos serviços.
«Devemos pugnar para que no interior de Portugal não haja encerramentos de quaisquer serviços, designadamente desta importância e magnitude», disse Vítor Pereira aos jornalistas no final da reunião quinzenal do executivo, realizada esta sexta-feira, não tendo revelado quem lhe transmitiu a informação.

Manuel Pizarro: Em entrevista à RTP, o ministro da Saúde sublinhou que o Governo irá fazer uma «avaliação criteriosa» ao estudo preliminar do grupo de peritos que propõe «muitas medidas entre as quais, o eventual fecho de maternidades», mas que até ao final do ano não haverá nenhuma decisão. «Não lhe posso responder se vão ou não encerrar, vamos fazer uma avaliação. Nunca (fechar) nos próximos meses, seguramente que não até final do ano», afirmou o governante, dizendo estar empenhado em garantir que o sistema público de maternidades «funciona». E acrescentou que a «decisão do encerramento de maternidades, por exemplo», vai ser da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Ordem dos Médicos: A secção do Centro assume «profunda preocupação» e condena o contexto de «intranquilidade» em resultado da divulgação pública da intenção de encerramento de maternidades/ serviços de urgência de obstetrícia antes que seja conhecido o relatório da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia-Obstetrícia e Bloco de Partos do Serviço Nacional de Saúde.
«A Ordem dos Médicos defende equidade e acesso mais justo a quem necessita de cuidados de saúde, independentemente da zona onde se vive», sustenta Carlos Cortes, ao defender ainda que «a resolução desta questão» é premente e «não pode estar à espera de resolução de outras questões». A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos reclama ainda «sentido de responsabilidade» em matérias «tão sensíveis» e afirma que o Ministério da Saúde começa «muito mal, não resolvendo um problema complexo criando ainda mais desconfiança».

João Prata e Cláudia André: Os deputados do PSD eleitos pelos círculos da Guarda e Castelo Branco, respetivamente, questionaram o Governo sobre o possível fecho de blocos de partos nos dois distritos e pediram que «clarifique a sua posição» sobre o assunto.
«Têm surgido em vários órgãos de comunicação social notícias contraditórias a propósito do tema da rede de referenciação hospitalar de saúde materna e infantil e os conteúdos divulgados reportam-se, quase em exclusivo, à pretensa necessidade do encerramento dos blocos de partos em algumas unidades hospitalares com especial incidência nas regiões com menor densidade populacional», referem os deputados. «Para além da rápida divulgação pública do documento final produzido no âmbito do grupo técnico», o Governo deve esclarecer se é ou não sua intenção «encerrar algum/uns dos blocos de partos supramencionados».
«É ou não intenção do Governo legislar muito oportunamente para contrariar o alarmismo social que deixou criar nas comunidades referidas? Que medidas extraordinárias têm sido tomadas, além da simples abertura de vagas a concurso, para reforçar as equipas médicas de especialistas em obstetrícia?», prosseguem João Prata e Cláudia André. No requerimento enviado ao ministro da Saúde, os sociais-democratas constatam que, «por um lado, o Governo afirma a necessidade de uma maior coesão territorial, mas, por outro, a sua prática exibe um desencorajamento da natalidade e uma desconsideração com os que vivem naqueles territórios».

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Efigénia Marques

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