Sociedade

Pedidos de ajuda para animais aumentaram durante a pandemia

Escrito por Jornal O Interior

Donos de animais de companhia recorreram mais às associações protetoras durante o período de confinamento, mas estas organizações enfrentam agora dificuldades financeiras e salientam que precisam de voluntários

A crise chegou a quem tem animais de estimação que, fruto das consequências da pandemia, recorreram à ajuda das associações protetoras de animais. «O que notámos mais foi um aumento de pessoas a pedir ajuda para apoios de alimentação e para cuidados veterinários. Sentimos que o número de pessoas em dificuldade para estes cuidados aumentou», refere Marisa Paulo, presidente da Qoasmi – Associação Protetora dos Animais da Guarda.

A dirigente adianta que estas associações também sofreram consequências, muito por causa do facto de um grande meio de subsistência serem as campanhas de recolha nos hipermercados e supermercados, que neste momento «estão diferentes», pois os elementos da associação não podem estar presentes. Antes da pandemia, esta e outras organizações aproveitavam as campanhas da Animalife ou da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal, mas «agora está a decorrer uma recolha de bens no Continente e Modelo, mas sem voluntários. Funciona através da compra de vales que revertem a favor de associações de proteção animal que estão em dificuldade», explica Marisa Paulo. Na sua opinião, se houve algum lado positivo no meio desta crise foi mais disponibilidade das pessoas. «Devido ao facto da maior parte ter parado de trabalhar durante algum tempo, os voluntários já existentes tiveram mais disponibilidade para atuar», o que permitiu aumentar a atividade durante esse período.

O que não aumentou foram os donativos e a adesão de novos voluntários: «Voluntários somos sempre poucos e mantemo-nos poucos», lamenta a presidente da Qoasmi. Além das campanhas de angariação, antes da pandemia, a associação marcava presença em feiras, o que agora «está um pouco mais difícil». Em alternativa iniciaram novas iniciativas, como a troca de máscaras por donativos. «O que não falta é criatividade», garante. Já a presidente da Instinto – Associação Protetora de Animais da Covilhã considera que «o abandono de animais e a negligência a que são votados são, eles próprios, uma pandemia». Lara Campos confirma que houve «uma quebra no número de adoções, sobretudo pelo confinamento e limitações impostas ao nível da vida em sociedade. Houve também uma quebra em novas inscrições de voluntários».
A dirigente alerta que são precisos voluntários «que tenham possibilidade de se deslocar e que possam estar disponíveis para o que for necessário, que pode ser tratar de animais, mas também resolver outras questões logísticas relacionadas com o funcionamento da associação».

«É possível fazer pedidos de ajuda a nível nacional na plataforma Animalife»

A presidente da A Casota – Associação Guardense de Proteção Animal, Teresa Duran, reconhece que, apesar das dificuldades que alguns donos de animais estão a passar, «os cuidadores e as famílias carenciadas, a muito custo, vão mantendo os animais». A responsável aproveita para sublinhar que «algumas pessoas desconhecem que o podem fazer, mas é possível fazer pedidos de ajuda a nível nacional na plataforma Animalife», a que pode recorrer qualquer pessoa em dificuldades para cuidados dos animais de estimação.

Teresa Duran também corrobora a ideia de que as associações protetoras de animais estão a enfrentar dificuldades. «Tínhamos campanhas e aí notámos muito as consequências, pois são fundamentais. Estamos numa fase muito complicada», alerta. A Casota já ajuda famílias carenciadas, na alimentação e cuidados veterinários, mas agora encontram-se «num momento muito complicado, com menos contribuições e donativos». A sua presidente admite mesmo que neste momento têm de «começar a cortar no auxílio das colónias de animais» que vão acompanhando. «Temos conseguido assegurar apoio aos animais a nosso cuidado, mas é uma bola de neve, não tendo apoio estatal, apesar do trabalho que a Câmara da Guarda faz com o canil municipal, está muito longe de chegar aos animais de ninguém», sublinha Teresa Duran.
No que diz respeito a voluntários, a dirigente não tem dúvidas que essa é uma grande necessidade: «São um número tão reduzido que de facto falta muito essa disponibilidade, andamos a passo de caracol», reconhece. E alerta ainda para a recolha de bens que está a decorrer na compra de vales – «com uma pequena contribuição já estão a ajudar».

Fátima Santos

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