Sociedade

Os Amigos do Floco que ajudam quem precisa

6
Escrito por Jornal O INTERIOR

A Associação de Voluntários do Sabugal surgiu em 2017 devido aos incêndios que afetaram o concelho, mas com o crescente número de pedidos de ajuda mantém-se ativa e é uma ajuda preciosa em tempos de pandemia.

Os Amigos do Floco – Associação de Voluntários do Sabugal é um projeto recente, mas que já ajudou e continua a ajudar muita gente no concelho do Sabugal. Inicialmente, o objetivo era ajudar as famílias que mais sofreram com os incêndios de 2017, mas no ano seguinte tornou-se oficialmente uma associação legalizada e com o lema de ajudar os mais necessitados. «Em 2017 começamos por distribuir apenas brinquedos às crianças afetadas pelos incêndios, mas atualmente tentamos ajudar em várias vertentes», adianta Fátima Neves, presidente da associação.
A associação já ajudou cerca de 30 famílias não só do concelho do Sabugal, mas também de Coimbra, Peniche e, mais recentemente, está a tentar ajudar em Angola. «Tentamos acudir a todas as necessidades que nos chegam às mãos. Nem sempre conseguimos, mas tentamos ao máximo», refere a dirigente a O INTERIOR, segundo a qual a chamada «pobreza envergonhada» ainda está bastante presente nos tempos que correm. A vergonha ainda é o principal inimigo de quem precisa de ajuda e por isso a maioria das situações que chegam aos Amigos do Floco são comunicadas por terceiros. «As pessoas estão numa situação muito complicada e têm vergonha de pedir ajuda. Muitas das vezes elas nem sabem que alguém reportou a sua história e só depois de entrarmos em contacto é que começam a aceitar que precisam de ajuda», declara Leticia Mota, tesoureira da Associação de Voluntários do Sabugal.
«Infelizmente, todos os dias aparecem casos novos» e a maioria precisam de apoio durante tempo indeterminado. Apesar disso, existem dois casos de sucesso: «Há duas famílias que conseguiram endireitar as suas vidas e seguir em frente. Mas nós tentamos sempre manter o contacto. Ainda no Natal lhes levamos um cabaz de alimentos, não que tivessem pedido, mas porque fazemos questão de manter essa ligação», revela Fátima Neves. A antiga bancária, agora reformada, justifica esse acompanhamento com a imprevisibilidade da vida «porque agora podem estar bem, mas depois as coisas podem derraparem. Sabemos que a vida é instável e não sabemos o dia de amanhã», justifica.
E a pandemia só veio complicar as coisas e criar mais dificuldades às já existentes. «Piorou bastante. Para além da falta de emprego, as pessoas ficaram em casa sem ordenado, sem rendimentos, torna-se mais complicado porque, a certa altura, não têm para comer. Está bem que na nossa zona as rendas são mais baratas comparativamente a Lisboa ou ao Porto, mas temos muitos casais novos que vieram para aqui construir uma vida nova e que precisam de ajuda para recomeçar», afirma Leticia Mota.

“Abril Ajuda Mil”

Por outro lado, o número de donativos e ajudas que chegavam aos Amigos do Floco diminuíram. Apenas duas ou três pessoas mantêm as suas doações: «Houve uma redução muito grande nos donativos monetários e alimentares», assegura a tesoureira da associação. A nível institucional existe apenas um apoio atribuído pela Câmara do Sabugal, que é distribuído anualmente a mais instituições de solidariedade social do concelho, «que não é muito grande, mas que nos ajuda nalgumas questões». De resto, os Amigos do Floco vão sobrevivendo com ajudas de entidades particulares, sejam elas monetárias ou de bens alimentares. Mesmo quando as coisas parecem estar mais complicadas e se torna mais difícil atender a todos os pedidos de ajuda, a associação sabugalense mantém o seu lema. «A nossa missão é podermos ajudar naquilo que nos for possível. Quando não está ao nosso alcance, tentamos ver outro caminho para resolver a situação e reencaminhamos para outras pessoas, porque há vertentes que não nos competem a nós», como é o caso de serviços sociais, exemplifica a mediadora de seguros, Leticia Mota.
Quanto ao futuro, a associação está a organizar campanha “Abril Ajuda Mil”, que consiste na «angariação de bens alimentares para reforçar os nossos, que já estão a ficar muito escassos. Aliás, já não temos quase nada», alerta a responsável. O apelo será lançado na página de Facebook dos Amigos do Floco, onde também será indicada a forma como os interessados podem contribuir para ajudar as famílias mais carenciadas do concelho raiano.

Sobre o autor

Jornal O INTERIOR

Leave a Reply