Há dez anos na plataforma logística da Guarda, cumpridos na semana passada, e há dezasseis na cidade, a Olano é hoje líder na logística de frio em Portugal e a maior empresa do grupo francês em termos de pessoal e de capacidade de armazenagem.
Atualmente, emprega 240 trabalhadores, tem cem camiões e armazéns para acolher 35 mil paletes distribuídos por 6,5 hectares. «Somos o maior operador logístico em Portugal, num só local, com capacidade de receção de dois produtos. Os nossos concorrentes têm menos e repartido entre Lisboa e Porto», destaca João Logrado. O diretor acrescenta que a Olano Portugal representa 10 por cento do volume de negócios do grupo sediado no País Basco francês e tem uma faturação da ordem dos 24 a 25 milhões de euros. «Sempre gozámos de uma autonomia especial dentro da Olano graças à confiança que a administração colocou em nós e também ao nosso dinamismo». Exemplo disso é que a empresa tem escritórios de representação em Espanha e Itália, sendo que no país transalpino distribui porta a porta, de Norte a Sul, cerca de 900 paletes por semana, sobretudo de peixe e produtos do mar.
João Logrado adianta que a empresa trabalha com a grande distribuição, mas sobretudo com grandes clientes do setor agroindustrial «numa área de 400 quilómetros à volta da Guarda». «Esta opção evita que os seus produtos sejam armazenados na vizinha Espanha», afirma o responsável, segundo o qual a Olano funciona como «uma espécie de entidade reguladora do mercado»: «Os nossos clientes produzem produtos numa determinada época do ano, como o tomate e a castanha, e de uma forma muito intensiva que o mercado não consegue absorver de imediato. Depois de transformado, esse produto é colocado nos nossos armazéns antes de seguir para o mercado externo ou até regressar ao mercado interno e sofrer uma segunda transformação, normalmente de embalamento, e depois segue para a grande superfície», explica João Logrado.
Neste ciclo, a Olano é «um facilitador de exportações portuguesas na área dos produtos agrícolas», mas, na perspetiva do seu diretor, o sucesso do negócio na Guarda é também consequência do que o país faz. «Nós não produzimos nada, guardamos, conservamos e distribuímos os produtos dos nossos clientes. Hoje, um grande industrial tem que se focar mais na área do negócio, que é a produção e transformação dos produtos e não tanto no problema da armazenagem, até porque essa é uma necessidade variável», sublinha. Nesse sentido, a escolha da Guarda para fixar a empresa foi determinante. «Não faz sentido estar em Lisboa se queremos trabalhar com a Europa. É um luxo estarmos a três horas de Madrid e a duas de Vigo. Estar na Guarda é uma grande vantagem económica e concorrencial neste negócio», garante o João Logrado.
Com o negócio de vento em popa – a Olano tem mais de 200 clientes em Portugal, Espanha e Itália –, o responsável é cauteloso e prefere não falar para já de expansão. «O que importa neste momento é consolidar aquilo que fizemos, melhorar as nossas operações e as relações com os clientes, dos quais depende o nosso futuro», afirma. João Logrado também não se queixa da falta de mão-de-obra, lembrando que a empresa emprega gente do Porto, de Aveiro e do Fundão. «Cerca de 90 por cento dos nossos quadros são formados no IPG e estamos satisfeitos com eles», declara, dizendo-se mais preocupado com os custos energéticos e com as portagens. «Não faz sentido pagar na Guarda o KW ao mesmo preço que em Lisboa, deveria haver alguma discriminação positiva. Até lá, passamos 50 por cento desse custo ao cliente».
A primeira empresa a instalar-se na PLIE
Com 54 anos, João Logrado está «muito satisfeito» com o crescimento da Olano na Guarda. «Não é uma obra minha, mas da empresa, dos seus funcionários e também das suas famílias. Há um trabalho enormíssimo dos meus colegas. O que construímos na plataforma logística, onde fomos a primeira empresa a instalar-se, é o resultado dos contributos de cada um», reconhece.
O diretor da empresa também agradece o «empenho e colaboração» de Ana Abrunhosa, a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro que vai ser ministra da Coesão no novo Governo de António Costa, no desenvolvimento da unidade. A Caixa Geral de Depósitos e a Câmara da Guarda são outros destinatários dos agradecimentos da Olano Portugal. O banco porque «apostou num risco inovador» e a autarquia por estar «sempre disponível para nos apoiar». O sucesso da empresa é também partilhado com estes três parceiros, porque «nos permitiram crescer e deram-nos confiança», garante João Logrado.
Sediado em Saint Jean de Luz, no País Basco francês, o grupo Olano opera em Portugal, Espanha, França e Itália, tem 1.000 camiões e cerca de 2.500 colaboradores. Na Guarda, o grupo já investiu mais de 40 milhões de euros.
Terminal ferroviário de contentores é «muito necessário» na Guarda
Um terminal ferroviário de contentores na Guarda é «muito «necessário», defende João Logrado.
O projeto está contemplado para a estação de caminhos-de-ferro da cidade, no âmbito da confluência das Linhas da Beira Alta e Beira Baixa, mas tarda em ser concretizado. «Se queremos continuar a desenvolver a Guarda temos que aproveitar este terminal porque vai gerar riqueza, trabalho e mais dinâmica para todas as empresas que operam a partir da cidade», considera o diretor da Olano Portugal, para quem é «urgente» que este projeto se concretize para tornar a cidade mais competitiva em termos industriais e de negócios. Nesse sentido, o responsável propõe mesmo que haja transporte gratuito de contentores entre a estação e as empresas como forma de «rentabilizar melhor» o terminal. «É assim que se faz em Valência, porque não replicá-lo aqui», desafia.