Na próxima terça-feira Álvaro será empossado como eurodeputado, em Bruxelas. No final deste ciclo de seis anos, do prometido ao realizado vai uma distância muito grande. Tudo começa com a vitória nas autárquicas de 2013, eleição em que os socialistas sofrem uma derrota histórica e só conseguem eleger dois vereadores.
Em novembro desse ano, Álvaro Amaro avança com uma auditoria externa às contas da autarquia e começa a pagar dívidas a fornecedores. No dia 6 desse mês, a autarquia pagou 2,8 milhões de euros a cerca de 300 credores (fornecedores, empresas, juntas de freguesia e associações) com dinheiro do PAEL. Em dezembro, o edil social-democrata garante para a Guarda a sede da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE) e reclama para a cidade mais alta o estatuto de capital regional. No ano seguinte a autarquia decide baixar o preço do metro quadrado da PLIE para atrair empresários, uma alteração que levou à instalação de novas empresas e à deslocalização de outras para aquela área empresarial. Em maio é revelado resultado da auditoria externa às contas da Câmara, segundo o qual, a autarquia tinha um passivo global de 91 milhões de euros.
É também o mês da primeira edição da Feira Ibérica de Turismo (FIT), uma aposta de Álvaro Amaro, que também consegue que a Guarda acolha as celebrações do 10 de Junho. No mês seguinte o município obteve luz verde para se financiar em 12,9 milhões de euros para reestruturar dívida. Mas uma das contrapartidas surge em outubro, quando a maioria social-democrata delibera aumentar o IMI de 0,40 para 0,45 por cento. Em dezembro de 2014 é inaugurada a rotunda da Luz, a primeira de muitas que marcaram os mandatos de Álvaro Amaro. Tal como as festas, pois nesse mês decorreu a primeira edição da “Guarda Cidade Natal”. A “Feira Farta” estreou-se no ano seguinte.
497 mil euros gastos na requalificação de duas rotundas
A passagem de Álvaro Amaro pela Guarda fica também marcada pela polémica do corte de 40 cedros na Avenida Cidade de Salamanca, em março de 2015, da requalificação do parque municipal (274.421 euros, mais IVA) e do Jardim José de Lemos, que custou 359.670 euros, mais IVA. A aposta nas rotundas prossegue e em maio desse ano o município gastou mais de 497 mil euros, IVA incluído, na requalificação das rotundas do Rio Diz e do Alvendre. No Dia da Cidade, em novembro de 2016, Álvaro Amaro anuncia a despoluição dos rios Noeme e Diz, bem como o projeto dos Passadiços do Mondego. No ano seguinte, o autarca assumiu a recandidatura à Câmara afirmando ter uma «dívida de gratidão» para com a Guarda e que avança com o objetivo de «querer continuar a ser presidente da Câmara» para ««lutar ainda mais pela afirmação da Guarda como grande capital de distrito do interior». Pouco depois, o município deliberou gastar mais de meio milhão de euros na requalificação da rotunda entre as Avenidas de S. Miguel e da Estação e que prevê a instalação de uma locomotiva. Em 2017 ficou também a saber-se que o passivo do município baixou 43 milhões de euros desde 2013. Contudo, em junho desse ano a Câmara da Guarda era a maior devedora à Águas de Portugal, tendo na altura uma dívida de 25,7 milhões, um montante que não parou de subir até 2018, ano em que o município voltou a pagar faturas. O ano de 2017 foi de inaugurações, da sede da CIMBSE nos antigos Paços do Concelho ao Solar do Vinho da Beira Interior, no Quintal Medroso, que passou a acolher a Comissão Vitivinícola Regional das Beira Interior. Duas obras custeadas pelo município para reforçar o estatuto de capitalidade regional da cidade.
Foi também o ano do anúncio da candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura de 2027. Houve também nova polémica porque a Câmara gastou mais na festa da “Noite Branca” do que na requalificação da Rua do Comércio. Só o palco e estruturas a montar na Praça Velha para a “Noite Branca” custaram aos cofres do município 47 mil euros, mais IVA, ou seja, 57.810 euros. Segundo o portal Base, o serviço foi adjudicado por ajuste direto à empresa Quando Menos se Espera, Unipessoal, Lda., de Coimbra. A este valor há que somar a contratação do DJ Kura (18 mil euros) e de Diogo Piçarra (13 mil euros). O que perfaz um total de 88.810 euros. Já a requalificação da Rua do Comércio foi adjudicada por 114 mil euros (mais IVA).
Os compromissos da reeleição em 2017
Veio a campanha eleitoral e Álvaro Amaro assumiu novos e antigos compromissos plasmados no programa da sua candidatura. Das várias medidas apresentadas, o autarca comprometia-se a implementar um Programa de Apoio ao Investimento e Promoção de Emprego (PAIPE) e de um Programa Municipal de Apoio às IPSS. O PAIPE visa permitir que investimentos inferiores a 50 mil euros possam beneficiar de incentivos. O presidente queria ainda construir a variante que ligará a rotunda dos efes – também conhecida como da Ti’Jaquina – à Via de Cintura Externa (VICEG), um projeto que inclui a ligação ao Bairro da Luz e ao Bairro Nª Sra. dos Remédios. Outra das suas propostas eleitorais era a construção de um Centro Tecnológico Automóvel – em parceria com o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e as empresas do setor instaladas no concelho. Criar um Centro Tecnológico e Interativo do Ar da Guarda foi outro compromisso, tal como a construção de um Centro de Exposições Transfronteiriço, os Passadiços do Mondego e a despoluição dos rios Diz e Noéme. Avançar com um sistema de apoio financeiro para recuperação de edifícios privados degradados no centro histórico, reabilitar a Praça Velha e a Rua 31 de Janeiro, construir um Centro Náutico de Lazer na barragem do Caldeirão e o denominado Quarteirão das Artes – Museu e Centro de Arte Contemporânea, foram outras propostas de Álvaro Amaro. Destas, apenas ficou decidido o local onde ficará o futuro Pavilhão Multiusos da Guarda. Em cima da mesa estiveram 10 possíveis localizações, mas a escolha recaiu, como já se esperava, sobre a antiga Fábrica Tavares, no Rio Diz. Pouco depois Álvaro Amaro é anunciado como quinto elemento da lista do PSD ao Parlamento Europeu e suspende o mandato na Câmara. O autarca foi eleito a 26 de maio e dá um novo rumo à sua vida política, desta vez em Bruxelas.